“Digital by Default” na UE visa ajudar a reduzir a burocracia – A revolução da administração digital
Pré-lançamento do Xpert
Seleção de voz 📢
Publicado em: 18 de outubro de 2025 / Atualizado em: 18 de outubro de 2025 – Autor: Konrad Wolfenstein
'Digital by Default' na UE visa ajudar a reduzir a burocracia – A revolução da administração digital – Imagem: Xpert.Digital
Digital em vez de papel: a UE está a revolucionar a documentação dos produtos
A mudança de paradigma: O que “Digital por Defeito” significa para a Europa
A União Europeia enfrenta uma mudança decisiva de paradigma na documentação de produtos. Com a adoção do pacote Omnibus IV pelo Comité de Representantes Permanentes dos Estados-Membros em setembro de 2025, a UE lançou as bases para a digitalização abrangente das informações sobre produtos. O princípio "digital por defeito" visa substituir os requisitos físicos existentes para documentação e instruções de utilização. Esta decisão é muito mais do que um ajuste técnico das regulamentações existentes – marca uma mudança fundamental na relação entre fabricantes, consumidores e requisitos regulamentares.
O pacote adotado visa digitalizar 20 diretivas de produtos da UE diferentes, no âmbito das regras do mercado interno, e alinhá-las com especificações comuns. As principais alterações incluem a digitalização da declaração de conformidade da UE, processos de intercâmbio digital entre as autoridades nacionais e os operadores económicos e a autorização para os fabricantes fornecerem instruções de utilização exclusivamente em formato digital. Complementa-se a introdução de um ponto de contacto digital para as empresas, a fim de simplificar a comunicação com as autoridades.
A relevância deste desenvolvimento abrange diversas dimensões. Do ponto de vista econômico, a digitalização promete economias significativas de custos para as empresas. A Comissão Europeia estima que as empresas europeias possam economizar mais € 400 milhões com todo o pacote Omnibus. Do ponto de vista ecológico, a medida contribui para a conservação de recursos, visto que o consumo de papel na documentação industrial é significativo. Ao mesmo tempo, a iniciativa levanta questões fundamentais sobre participação digital, proteção do consumidor e acessibilidade.
A Ministra dinamarquesa dos Assuntos Europeus, Marie Bjerre, saudou o acordo em nome da Presidência do Conselho, afirmando que muitas empresas europeias dedicam demasiado tempo a lidar com regulamentações complexas. Esta declaração destaca a dimensão política da reforma: a redução da burocracia é vista como um elemento-chave para o reforço da competitividade europeia. Este artigo analisa sistematicamente este desenvolvimento, esclarecendo as suas raízes históricas, mecanismos técnicos e implicações práticas, e avalia criticamente as suas oportunidades e riscos.
Do governo eletrônico ao produto digital: o caminho para a reforma atual
A digitalização da administração pública e dos processos regulatórios não é um fenômeno repentino, mas sim o resultado de décadas de desenvolvimento. As raízes do governo eletrônico na Europa remontam à década de 1990, quando surgiram as primeiras iniciativas de governo eletrônico. Um marco foi a Estratégia de Lisboa do Conselho Europeu, em 2000, que estabeleceu o objetivo de tornar a UE a economia baseada no conhecimento mais competitiva e dinâmica do mundo.
A Declaração de Malmö de 2009 marcou outro ponto de inflexão crucial. Nesta declaração, os Estados-Membros da UE, potenciais membros da UE e os Estados da EFTA comprometeram-se a aumentar a transparência da ação governamental, a facilitar o acesso à informação pública e a melhorar a participação na governação. Este compromisso constituiu a base para a Estratégia Europeia de Governo Eletrónico, consagrada no Plano de Ação para o Governo Eletrónico 2011-2015 e na Agenda Digital para a Europa.
Na Alemanha, a Lei para Promover a Administração Eletrônica, ou Lei do Governo Eletrônico, foi aprovada em agosto de 2013. Entre outras coisas, essa lei exigia que a administração fornecesse acesso eletrônico e facilitava o fornecimento de provas eletrônicas e pagamentos eletrônicos em procedimentos administrativos. Paralelamente a isso, iniciativas nacionais de digitalização se desenvolveram em vários Estados-membros. A Dinamarca frequentemente desempenhou um papel pioneiro nesses esforços. Com a introdução do MitID e seu sistema antecessor, praticamente não há correspondência e praticamente não há visitas às autoridades na Dinamarca atualmente.
A Diretiva de Serviços da UE criou um novo quadro jurídico europeu para o desenvolvimento de soluções nacionais de governo eletrónico. Além da simplificação dos procedimentos administrativos e do estabelecimento de um ponto de contacto único, também foi acordada a introdução do processamento eletrónico. Estes desenvolvimentos lançaram as bases para a posterior expansão das normas digitais para o setor dos produtos.
No contexto da documentação de produtos, o desenvolvimento de normas internacionais desempenhou um papel central. A norma IEC 61406 (DIN SPEC 91406) definiu a tecnologia para identificação de objetos físicos usando placas de identificação digitais e UIDs (Identificadores Únicos). A Diretriz VDI 2770 definiu a aparência das informações do fabricante em termos de propriedades, estrutura, escopo, conteúdo e formato de dados. Essas normas formaram a base técnica para a documentação digital de produtos, que posteriormente foi traduzida em requisitos legais.
A pandemia de COVID-19 atuou como um catalisador para a digitalização. Revelou as fragilidades dos sistemas em papel e destacou a necessidade de alternativas digitais. Nesse contexto, a UE intensificou seus esforços para reduzir a burocracia e digitalizar. A Comissão Europeia anunciou uma agenda de simplificação em 2024, composta por vários pacotes Omnibus. O pacote Omnibus IV, que regulamenta a digitalização da documentação dos produtos, faz parte dessa estratégia mais ampla para reduzir os encargos burocráticos e harmonizar o quadro digital.
Os blocos de construção da reforma: dos códigos QR à Lei de Resiliência Cibernética
O pacote Omnibus IV baseia-se em diversos mecanismos técnicos e legais que, quando combinados, permitem a digitalização da documentação do produto. O primeiro componente fundamental é a consagração legal do princípio do "digital por defeito". Este princípio inverte a prática anterior: enquanto os documentos em papel eram anteriormente a regra e as versões digitais a exceção, os documentos digitais serão o padrão no futuro. As empresas só são obrigadas a fornecer materiais impressos a outras empresas, clientes administrativos ou consumidores em casos excepcionais justificados.
A digitalização da declaração de conformidade da UE é outro componente essencial. A declaração de conformidade da UE é um documento obrigatório com o qual os fabricantes ou seus representantes autorizados declaram que seus produtos estão em conformidade com os requisitos da UE. Ao assinar a declaração de conformidade, eles assumem total responsabilidade por garantir que seus produtos estejam em conformidade com a legislação da UE aplicável. A digitalização desta declaração permite uma distribuição mais rápida, uma atualização mais fácil e uma verificação mais eficiente pelas autoridades de fiscalização do mercado.
Um terceiro elemento são os processos de intercâmbio digital entre autoridades nacionais e operadores econômicos. Esses processos são baseados em interfaces padronizadas e formatos de dados projetados para permitir uma comunicação fluida. A já mencionada Diretriz VDI 2770 desempenha um papel central aqui, ao definir como as informações do fabricante devem ser estruturadas para que possam ser trocadas entre diferentes partes interessadas. Os dados são criados em formato XML e armazenados em contêineres de documentação definidos.
A permissão para que os fabricantes forneçam instruções de uso exclusivamente em formato digital é apoiada por soluções técnicas. Um método comum é o uso de códigos QR anexados diretamente ao produto. Esses códigos QR permitem que os usuários acessem diretamente a documentação digital usando um smartphone ou tablet. A documentação pode ser armazenada em uma plataforma em nuvem operada pelo fabricante ou pelo cliente. Essa solução oferece a vantagem de que a documentação pode ser atualizada a qualquer momento, sem a necessidade de troca de documentos físicos.
O ponto de contato digital para empresas visa servir como um ponto central de contato para comunicação com as autoridades. Este conceito faz parte de uma estratégia mais ampla para simplificar a interação administrativa. A ideia é que as empresas não precisem mais se comunicar individualmente com diversas autoridades, mas possam lidar com todas as consultas e denúncias por meio de um ponto central.
Paralelamente ao pacote Omnibus IV, devem ser observados novos desenvolvimentos regulatórios que afetam a digitalização da documentação dos produtos. A Lei de Resiliência Cibernética (CRA), que entrou em vigor em dezembro de 2024, introduz requisitos abrangentes de segurança cibernética para produtos com elementos digitais. Esses produtos exigem uma declaração de conformidade da UE e a marcação CE para comprovar a conformidade com os requisitos. A conexão entre a digitalização da documentação e os requisitos de segurança cibernética é óbvia: se a documentação for fornecida exclusivamente em formato digital, os sistemas pelos quais ela é acessível devem ser protegidos contra ataques cibernéticos.
Outro componente é o ajuste da categorização das empresas. O pacote Omnibus IV introduz a categoria de Small Mid-Caps (PMEs), que inclui empresas com mais de 249 e menos de 750 funcionários, desde que gerem um volume de negócios anual superior a € 50 milhões e inferior a € 150 milhões ou tenham um balanço total superior a € 43 milhões e inferior a € 129 milhões. Esta nova categoria beneficia de certas simplificações, por exemplo, na área da proteção de dados. Por exemplo, a isenção da obrigação de manter um registo das atividades de tratamento nos termos do artigo 30.º do RGPD, que anteriormente se aplicava a empresas com até 250 funcionários, será alargada a empresas com até 750 funcionários.
Entre o Conselho e o Parlamento: O estado atual do processo legislativo
Em outubro de 2025, a iniciativa de digitalização da documentação dos produtos atingirá uma fase crucial. O Conselho da União Europeia adotou sua posição sobre o pacote Omnibus IV em 25 de setembro de 2025. O Parlamento Europeu deve agora desenvolver sua própria posição antes do início das negociações do trílogo entre o Conselho, o Parlamento e a Comissão. Essas negociações devem começar no quarto trimestre de 2025 e durar até 2026.
De acordo com a posição do Conselho, o prazo de implementação para os Estados-Membros deve ser estendido para 24 meses. Isso significa que, após a adoção da diretiva final, os Estados-Membros terão dois anos para transpor os requisitos para a legislação nacional. Isso cria um cronograma claro para as empresas: elas devem adaptar seus sistemas e processos em conformidade para garantir o fornecimento digital de documentação como padrão a partir do prazo.
O contexto atual é caracterizado por um intenso debate sobre o equilíbrio entre a redução da burocracia e a proteção do consumidor. O Conselho de Ministros manteve, essencialmente, a linha de pensamento, mas prestou esclarecimentos sobre o acesso à informação disponível digitalmente. Para garantir a proteção do consumidor, as informações relevantes para a segurança devem continuar disponíveis em papel, caso haja risco de danos graves aos consumidores. Essa restrição é crucial, pois impede que informações críticas de segurança sejam fornecidas exclusivamente em formato digital.
A comunidade empresarial é amplamente favorável aos planos de digitalização. A Bitkom, associação digital da Alemanha, acolheu a iniciativa em princípio, ressaltando que a enxurrada de novas regulamentações da UE levou a uma maior complexidade regulatória na economia digital. As empresas esperam que a digitalização não só leve à redução de custos, mas também a ganhos de eficiência por meio de processos mais rápidos e melhor capacidade de pesquisa de documentos.
A implementação técnica já está bastante avançada em muitos setores. Empresas como a KSB, do setor de fabricação de bombas, começaram a equipar seus produtos com códigos QR há anos, que fornecem acesso a gêmeos digitais. Esses gêmeos digitais contêm todos os dados relativos ao projeto, configuração, instalação, comissionamento e operação, bem como informações sobre manutenção e reparo. Essas informações podem ser expandidas ao longo do ciclo de vida. Esses sistemas já atendem amplamente aos requisitos do pacote Omnibus IV.
A conexão com a Indústria 4.0 é óbvia. A digitalização da documentação de produtos é um componente fundamental da visão mais ampla de um ambiente de produção totalmente em rede. Em uma fábrica inteligente, todas as informações sobre os componentes da planta devem estar sempre acessíveis digitalmente. A exigência regulatória de documentação digital reforça essa tendência e cria incentivos para investimentos em infraestrutura correspondente.
Paralelamente à digitalização da documentação dos produtos, outras iniciativas de digitalização da UE estão em andamento. O Pacote Digital Omnibus, anunciado para o final de 2025, visa simplificar as regulamentações digitais existentes nas áreas de dados, segurança cibernética e inteligência artificial. Por exemplo, a Comissão Europeia planeja revisar o Regulamento da IA para facilitar sua aplicação prática. Em matéria de direito de dados, a Lei de Governança de Dados, o Regulamento sobre a Livre Circulação de Dados Não Pessoais e a Diretiva de Dados Abertos devem ser integrados de forma mais estreita. Essas diversas iniciativas se reforçam mutuamente e formam um quadro geral coerente de uma economia europeia digitalizada.
Digitalização em ação: exemplos de aplicação da indústria
A implementação prática da documentação digital de produtos pode ser ilustrada por meio de diversos exemplos concretos. O primeiro exemplo vem da engenharia mecânica. A fabricante de bombas KSB implementou um sistema de acordo com a norma IEC 61406 (DIN SPEC 91406), no qual cada bomba recebe um código QR exclusivo anexado diretamente ao produto. Este código QR contém um identificador único (UID) e abre um link para o gêmeo digital do produto. O gêmeo digital contém todos os dados relevantes de fábrica: especificações técnicas, parâmetros de projeto, instruções de instalação, instruções de operação e informações sobre manutenção e reparo.
As vantagens deste sistema são inúmeras. Os técnicos podem acessar a versão mais recente da documentação diretamente no local, usando seu smartphone ou tablet, sem precisar carregar pastas pesadas. A documentação está sempre atualizada, pois é mantida centralmente. Se um fabricante fizer uma atualização, por exemplo, devido ao desenvolvimento de um novo procedimento de manutenção, essas informações ficam imediatamente disponíveis para todos os usuários. Ao longo do ciclo de vida do produto, informações adicionais podem ser adicionadas, como dados de status de sensores ou relatórios de manutenção concluída. Isso cria uma documentação digital completa de todo o histórico de vida do produto.
Um segundo exemplo vem da indústria de descarte de resíduos. Uma empresa envolvida no descarte de peças perigosas introduziu um sistema baseado em código QR para controle de processos. As peças passam por processos de várias etapas, nos quais são desmontadas em seus componentes individuais e, por fim, destruídas. A variedade de variantes é alta e, por razões de segurança e contabilidade, cada etapa do processo deve ser documentada individualmente. O novo sistema permite o rastreamento das peças em tempo real. Cada peça recebe um código QR, que é escaneado em várias estações do processo. Isso garante que a localização de cada peça e quais etapas de processamento já foram realizadas sejam conhecidas o tempo todo.
Medições realizadas durante a fase de start-up demonstraram uma redução nos custos de documentação entre 20% e 30%. Além disso, há benefícios qualitativos, como a melhoria significativa da segurança no descarte de resíduos. A rastreabilidade em tempo real permite uma resposta rápida a problemas e a otimização contínua dos processos. Este exemplo demonstra que a digitalização da documentação não só facilita o acesso à informação, como também permite melhorias fundamentais no controle de processos.
Um terceiro exemplo diz respeito à indústria farmacêutica, onde a documentação é particularmente rigorosamente regulamentada. Os fabricantes devem manter dossiês abrangentes sobre seus produtos, abrangendo todos os aspectos, desde o desenvolvimento até a aplicação, passando pela produção. A digitalização desses dossiês permite que as autoridades concedam aprovações mais rapidamente, pois as informações são estruturadas e pesquisáveis. Alterações na documentação podem ser rastreadas com eficiência, pois os sistemas de controle de versão documentam automaticamente quais alterações foram feitas, por quem e quando. Isso aumenta a transparência e facilita as auditorias.
Na prática, porém, também surge a questão de como as empresas gerenciam a transição da documentação em papel para a digital. Uma abordagem é a digitalização gradual. As empresas começam com novos produtos que são entregues com documentação digital a partir de uma data específica. Para produtos existentes, os documentos em papel são digitalizados gradualmente. Prestadores de serviços especializados oferecem serviços de digitalização que digitalizam e estruturam sistemas de produção inteiros ou manuais individuais. O custo de criação de um manual digitalizado com 100 páginas é de aproximadamente € 5 por página. A conversão de 30 pastas totalmente preenchidas de um sistema técnico em documentação digital estruturada custa aproximadamente € 600 por pasta.
Nossa experiência na UE e na Alemanha em desenvolvimento de negócios, vendas e marketing
Nossa experiência na UE e na Alemanha em desenvolvimento de negócios, vendas e marketing - Imagem: Xpert.Digital
Foco da indústria: B2B, digitalização (de IA a XR), engenharia mecânica, logística, energias renováveis e indústria
Mais sobre isso aqui:
Um centro de tópicos com insights e experiência:
- Plataforma de conhecimento sobre a economia global e regional, inovação e tendências específicas do setor
- Coleta de análises, impulsos e informações básicas de nossas áreas de foco
- Um lugar para conhecimento especializado e informações sobre desenvolvimentos atuais em negócios e tecnologia
- Centro de tópicos para empresas que desejam aprender sobre mercados, digitalização e inovações do setor
Digital por padrão: quem se beneficia e quem fica de fora?
Obstáculos e preocupações: Uma análise crítica dos planos de digitalização
Apesar dos benefícios óbvios da digitalização, existem preocupações e controvérsias legítimas que exigem uma abordagem diferenciada. Um problema fundamental é a exclusão digital. Nem todos os grupos populacionais têm igual acesso às tecnologias digitais ou a capacidade de utilizá-las. Idosos, pessoas com baixo status socioeconômico, pessoas em áreas rurais, pessoas com histórico de migração e pessoas com deficiência correm maior risco de serem excluídas dos serviços digitais.
Estudos sobre participação digital mostram que a digitalização pode se tornar um problema social para idosos se as barreiras de acesso não forem removidas. A relevância cotidiana da digitalização está aumentando à medida que mais e mais serviços e informações públicas são disponibilizados exclusivamente online. Se a documentação dos produtos também estiver disponível apenas digitalmente, isso pode levar a que certos grupos da população não consigam mais usar os produtos com segurança por não terem acesso aos manuais do usuário.
A exceção prevista no pacote Omnibus IV, que exige que as informações relacionadas à segurança continuem disponíveis em papel caso haja risco de danos graves aos consumidores, atenua apenas parcialmente esse problema. Em primeiro lugar, a definição do que constitui dano grave está aberta à interpretação. Em segundo lugar, o regulamento se aplica apenas a informações relacionadas à segurança, e não a outros conteúdos importantes, como instruções de operação ou manutenção.
Um segundo problema diz respeito à dependência de uma infraestrutura funcional. A documentação digital exige que os usuários tenham acesso à internet e um dispositivo em funcionamento. Em situações de emergência, como quedas de energia, o acesso à documentação digital pode ser limitado ou impossível. Quedas de energia podem levar à perda de dados, especialmente se servidores e sistemas de armazenamento não estiverem protegidos por fontes de alimentação ininterruptas. Para empresas que não mantêm sistemas de backup adequados, uma queda de energia pode tornar a documentação crítica temporária ou permanentemente inacessível.
A segurança cibernética apresenta outro desafio. Quando a documentação é fornecida exclusivamente digitalmente, surgem novos vetores de ataque para cibercriminosos. Um ataque hacker aos sistemas de um fabricante pode resultar na adulteração ou exclusão de documentação. A Lei de Resiliência Cibernética aborda esses riscos por meio de requisitos abrangentes de segurança cibernética, mas a implementação desses requisitos exige investimentos e expertise significativos.
As preocupações com a proteção de dados também são relevantes. Quando os usuários acessam documentos digitais, dados pessoais podem ser coletados, como endereços IP, horários de acesso ou comportamento do usuário. Os fabricantes podem usar esses dados para diversos fins, como marketing ou aprimoramento de produtos. Sem regulamentações claras e mecanismos de controle eficazes, existe o risco de uso indevido. As alterações propostas ao GDPR, que visam reduzir os requisitos de documentação para PMEs e pequenas e médias empresas (PMEs), podem, paradoxalmente, reduzir a transparência e a responsabilização no tratamento de dados pessoais.
Da perspectiva das organizações de defesa do consumidor, existe o risco de que a simplificação dos requisitos de documentação prejudique a proteção do consumidor. A Federação Alemã de Organizações de Consumidores (Verbraucherzentrale Bundesverband) criticou diversos aspectos da agenda de digitalização e enfatizou que as simplificações não devem prejudicar a proteção do consumidor. Especificamente, há preocupações de que a redução dos requisitos burocráticos possa levar ao não fornecimento de informações importantes ou ao seu fornecimento insuficiente.
A questão dos custos deve ser considerada de forma diferenciada. Enquanto as empresas se beneficiam de economias em impressão e envio, surgem novos custos para o desenvolvimento e operação de sistemas digitais. Digitalizar uma empresa pode exigir investimentos significativos. Projetos simples começam em torno de € 5.000, enquanto projetos de digitalização mais complexos podem custar € 25.000 ou mais. Acrescentam-se os custos operacionais contínuos de hospedagem, manutenção e suporte. Para pequenas e médias empresas, esses custos podem representar um ônus significativo, mesmo que se espere que sejam compensados por ganhos de eficiência a longo prazo.
Outro ponto de crítica diz respeito à legibilidade e usabilidade da documentação digital. Nem todos os usuários se sentem confortáveis lendo instruções em telas pequenas. Para produtos complexos que exigem documentação detalhada, navegar por extensos documentos digitais pode ser mais difícil do que folhear um manual impresso. A qualidade da experiência digital do usuário depende fortemente do design das plataformas digitais. Sistemas mal projetados podem prejudicar a aceitação do usuário.
O que vem a seguir? Tendências da IA ao Passaporte de Produto Digital
A digitalização da documentação de produtos faz parte de uma tendência mais ampla que ganhará força nos próximos anos. Uma tendência fundamental é o desenvolvimento do Passaporte Digital de Produtos. O Passaporte Digital de Produtos visa substituir a declaração de conformidade a longo prazo e fornecer informações e evidências de conformidade do produto de forma eficiente e facilmente acessível. Isso melhorará a rastreabilidade e facilitará a supervisão da conformidade com os requisitos legais. Isso deverá aumentar ainda mais a segurança dos produtos e simplificar o gerenciamento de evidências.
Espera-se que o Passaporte Digital do Produto contenha não apenas documentação, mas também dados sobre a sustentabilidade do produto, como informações sobre os materiais utilizados, o consumo de energia no processo de produção e a reciclabilidade. Essas informações serão igualmente relevantes para consumidores, autoridades e empresas de reciclagem. A Comissão Europeia está trabalhando no desenvolvimento de padrões correspondentes, que deverão ser introduzidos gradualmente nos próximos anos.
Outra tendência é a crescente integração da inteligência artificial em sistemas de documentação. Assistentes com tecnologia de IA podem ajudar os usuários a encontrar rapidamente as informações necessárias, processando consultas em linguagem natural e fornecendo respostas dependentes do contexto. Em vez de pesquisar manualmente em manuais extensos, os usuários podem simplesmente perguntar "Como faço a manutenção da bomba?" e receber as instruções relevantes. Esses sistemas também podem fornecer traduções multilíngues em tempo real, facilitando o uso internacional de produtos.
O desenvolvimento das tecnologias de realidade aumentada (RA) e realidade virtual (RV) abre novas possibilidades para a documentação interativa. Em vez de visualizar desenhos ou vídeos bidimensionais, os usuários podem visualizar modelos tridimensionais do produto em RA e ter instruções passo a passo projetadas diretamente no produto real. Isso pode ser particularmente útil para trabalhos complexos de manutenção ou reparo. Várias empresas já estão experimentando essas soluções, e espera-se que a adoção aumente com a crescente popularidade de dispositivos habilitados para RA, como óculos inteligentes.
Espera-se que a agenda europeia de digitalização se intensifique ainda mais. O Pacote Digital Omnibus, anunciado para o final de 2025, trará novas simplificações na área da legislação digital. A Comissão Europeia está a planear um abrangente Balanço de Aptidão Digital para examinar as inter-relações entre as inúmeras novas leis e identificar a necessidade de maior simplificação. Isto indica que a digitalização não é vista como um projeto pontual, mas sim como um processo contínuo.
Espera-se um maior rigor nas regulamentações de segurança cibernética. A experiência com a Lei de Resiliência Cibernética mostrará onde melhorias são necessárias. É provável que os requisitos de segurança para sistemas de documentação digital aumentem ao longo do tempo, especialmente se ocorrerem incidentes de segurança. A Agência Europeia para a Cibersegurança (ENISA) desempenhará um papel cada vez mais importante no desenvolvimento de normas e no monitoramento da implementação.
As negociações do trílogo sobre o Pacote Ônibus I, que dizem respeito às alterações à Diretiva de Relatórios de Sustentabilidade Corporativa (CSRD) e à Diretiva de Due Diligence de Sustentabilidade Corporativa (CSDDD), estão ocorrendo em paralelo e devem ser concluídas até o final de 2025 ou início de 2026. Os resultados dessas negociações moldarão a estrutura para relatórios de sustentabilidade e também poderão ter impacto na documentação do produto, por exemplo, se as informações de sustentabilidade precisarem ser integradas aos passaportes digitais de produtos.
Um potencial divisor de águas poderia ser desencadeado por avanços tecnológicos em sistemas descentralizados. A tecnologia blockchain poderia ser usada para criar documentação digital à prova de adulteração, onde cada alteração é rastreável de forma transparente. Isso aumentaria a confiança na documentação digital e poderia ser particularmente relevante em setores altamente regulamentados, como o farmacêutico ou o da aviação.
O desenvolvimento da Identidade Digital Europeia (eIDAS 2.0) lançará as bases para transações digitais seguras. Até o outono de 2026, todos os Estados-Membros da UE serão obrigados a fornecer aos seus cidadãos carteiras digitais nas quais documentos como bilhetes de identidade ou cartas de condução possam ser armazenados eletronicamente. Esta infraestrutura também poderá ser utilizada para autenticação no acesso a documentação protegida de produtos, por exemplo, quando determinadas informações devem ser acessíveis apenas a especialistas autorizados.
O impacto ecológico da digitalização ganhará cada vez mais destaque. Embora a economia de papel seja positiva, a própria infraestrutura digital gera um consumo significativo de energia. Os data centers que fornecem serviços em nuvem estão entre os maiores consumidores de eletricidade. A questão de como a digitalização pode ser ecologicamente sustentável ganhará destaque no debate público. Isso poderá levar à demanda por sistemas de eficiência energética e ao uso de energia renovável em data centers.
Conclusão: Oportunidades, riscos e o caminho europeu
A decisão da UE de introduzir o princípio "digital por defeito" para a documentação de produtos marca um ponto de viragem na regulamentação económica europeia. Análises demonstram que este desenvolvimento resulta de uma tradição de décadas de iniciativas de governo eletrónico e faz parte de uma agenda mais ampla de digitalização e desburocratização. Os mecanismos técnicos, desde códigos QR a plataformas na nuvem e formatos de dados padronizados, estão amplamente maduros e já estão a ser utilizados por empresas inovadoras.
As vantagens práticas da digitalização são evidentes. As empresas se beneficiam de economia de custos, ganhos de eficiência e melhores oportunidades de atualização e manutenção de documentação. Os usuários têm acesso a informações sempre atualizadas, pesquisáveis e enriquecidas com multimídia. O meio ambiente se beneficia da redução do consumo de papel, embora o impacto ecológico da infraestrutura digital deva ser considerado.
Ao mesmo tempo, os desafios e riscos não devem ser subestimados. A exclusão digital ameaça prejudicar certos grupos populacionais, a menos que sejam tomadas medidas eficazes para promover a participação digital. A dependência de infraestrutura funcional e os riscos à segurança cibernética exigem investimentos significativos em sistemas robustos. As questões de proteção de dados devem ser abordadas com cuidado para evitar o uso indevido. O equilíbrio entre a redução da burocracia e a proteção do consumidor deve ser mantido.
A exceção para informações relacionadas à segurança, que devem continuar disponíveis em formato impresso, é uma salvaguarda importante, mas deve ser claramente definida e implementada de forma consistente. As autoridades reguladoras desempenharão um papel central no monitoramento da implementação. Será crucial que elas tenham recursos e experiência suficientes para desempenhar suas funções com eficácia.
Os desenvolvimentos futuros dependerão de vários fatores. As inovações tecnológicas, particularmente nas áreas da inteligência artificial e da realidade aumentada, abrirão novas possibilidades para uma documentação intuitiva e de fácil utilização. A regulamentação europeia continuará a evoluir e o Digital Fitness Check revelará onde são necessários ajustes adicionais. A experiência com a implementação do pacote Omnibus IV fornecerá informações valiosas que poderão ser incorporadas em regulamentações futuras.
Vista de uma perspectiva mais ampla, a digitalização da documentação de produtos reflete uma mudança social fundamental. A questão não é mais se a digitalização virá, mas como ela será moldada. A decisão de adotar o "digital por padrão" é um movimento consciente em direção a uma economia e sociedade digitalizadas. Essa mudança oferece imensas oportunidades de eficiência, inovação e sustentabilidade. No entanto, também exige consciência dos riscos associados e disposição para lidar com eles proativamente.
A resposta europeia aos desafios da digitalização difere das abordagens de outras regiões do mundo pelo seu forte enfoque na regulamentação e nas normas. Enquanto outras regiões dependem frequentemente da autorregulamentação da economia, a UE adota uma abordagem que cria quadros jurídicos claros. Isso pode levar a uma maior segurança jurídica, mas também acarreta o risco de excesso de regulamentação. O sucesso dessa abordagem será medido pela sua capacidade de promover a inovação sem negligenciar os interesses legítimos dos consumidores e dos grupos vulneráveis.
A Presidência dinamarquesa do Conselho declarou a digitalização e a redução da burocracia como prioridades. O lema "Uma Europa forte num mundo em mudança" expressa a necessidade da UE de se afirmar num ambiente globalmente competitivo. A digitalização da documentação dos produtos é um componente de uma estratégia mais ampla para reforçar a competitividade da Europa. No entanto, esta estratégia deve ser inclusiva e envolver todos os segmentos da população.
Em suma, a introdução do "digital por defeito" na documentação de produtos é um projeto ambicioso e de longo alcance que deve ser implementado com cuidado. O sucesso dependerá da superação dos desafios técnicos, jurídicos e sociais e da criação de um sistema que satisfaça as necessidades de todas as partes interessadas. Os próximos anos mostrarão se a UE poderá realmente criar uma Europa mais competitiva com esta abordagem, sem negligenciar os valores em que se baseia a integração europeia.
Seu parceiro global de marketing e desenvolvimento de negócios
☑️ Nosso idioma comercial é inglês ou alemão
☑️ NOVO: Correspondência em seu idioma nacional!
Ficarei feliz em servir você e minha equipe como consultor pessoal.
Você pode entrar em contato comigo preenchendo o formulário de contato ou simplesmente ligando para +49 89 89 674 804 (Munique) . Meu endereço de e-mail é: wolfenstein ∂ xpert.digital
Estou ansioso pelo nosso projeto conjunto.
☑️ Apoio às PME em estratégia, consultoria, planeamento e implementação
☑️ Criação ou realinhamento da estratégia digital e digitalização
☑️ Expansão e otimização dos processos de vendas internacionais
☑️ Plataformas de negociação B2B globais e digitais
☑️ Pioneiro em Desenvolvimento de Negócios / Marketing / RP / Feiras Comerciais
🎯🎯🎯 Beneficie-se da vasta experiência quíntupla da Xpert.Digital em um pacote de serviços abrangente | BD, P&D, XR, RP e Otimização de Visibilidade Digital
Beneficie-se da ampla experiência quíntupla da Xpert.Digital em um pacote de serviços abrangente | P&D, XR, RP e Otimização de Visibilidade Digital - Imagem: Xpert.Digital
A Xpert.Digital possui conhecimento profundo de diversos setores. Isso nos permite desenvolver estratégias sob medida, adaptadas precisamente às necessidades e desafios do seu segmento de mercado específico. Ao analisar continuamente as tendências do mercado e acompanhar os desenvolvimentos da indústria, podemos agir com visão e oferecer soluções inovadoras. Através da combinação de experiência e conhecimento, geramos valor acrescentado e damos aos nossos clientes uma vantagem competitiva decisiva.
Mais sobre isso aqui: