A maldição dos quatro anos: por que a política apenas administra em vez de moldar o futuro.
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Publicado em: 2 de novembro de 2025 / Atualizado em: 2 de novembro de 2025 – Autor: Konrad Wolfenstein

A maldição dos quatro anos: Por que a política está apenas administrando em vez de moldar políticas públicas – Imagem: Xpert.Digital
Cegos para o futuro: Por que nossa democracia é incapaz de resolver verdadeiramente as principais crises?
Administração em vez de visão: o problema oculto que bloqueia o progresso político.
O princípio da ambidestria: um conceito econômico para a política?
A ambidestria organizacional está se consolidando no mundo dos negócios como um conceito eficaz para gerenciar sistematicamente a tensão fundamental entre otimizar os negócios existentes por meio da exploração e desbloquear novas oportunidades por meio da prospecção. Embora as empresas reconheçam cada vez mais que o sucesso a longo prazo exige um equilíbrio entre esses dois modos, a aplicação desse conceito aos sistemas políticos permanece uma área amplamente negligenciada. No entanto, um déficit estrutural é evidente, particularmente em sistemas democráticos de governo, cujos problemas fundamentais são surpreendentemente semelhantes aos da ambidestria organizacional. A política em democracias parlamentares como a Alemanha é quase inteiramente voltada para a exploração. A gestão do status quo, a otimização de programas estabelecidos e o atendimento às preferências eleitorais de curto prazo dominam o processo político, enquanto os processos exploratórios para a busca estratégica de novas soluções são estruturalmente negligenciados.
Adequado para:
A crise da resolução de problemas: por que o futuro está ficando para trás.
A questão da exploração política não é de forma alguma meramente acadêmica. Ela toca no próprio âmago do funcionamento das democracias modernas em tempos de mudanças aceleradas. A ruptura tecnológica, as mudanças demográficas, a crise climática e as alterações geopolíticas exigem reorientações fundamentais da atuação governamental. Contudo, as estruturas institucionais dos sistemas democráticos de governo favorecem sistematicamente perspectivas de curto prazo e ajustes incrementais em detrimento de decisões estratégicas de longo prazo. Enquanto na economia a falta de capacidade exploratória leva à desorientação do mercado no médio prazo, um fenômeno diferente se manifesta na política. As sociedades perdem gradualmente sua capacidade de resolução proativa de problemas e se tornam cada vez mais reféns de forças externas.
O dilema da competência: cargos políticos sem conhecimento especializado.
O problema começa com a nomeação de pessoal para os principais cargos políticos. Na Alemanha, os ministros são escolhidos principalmente com base em critérios político-partidários, proporcionalidade regional e cálculos de coalizão, e não em sua experiência profissional em seus respectivos departamentos. A necessidade de maior especialização é frequentemente descartada com o argumento de que os ministros precisam, sobretudo, de habilidades de gestão e perspicácia política, enquanto a expertise técnica é fornecida pela burocracia ministerial. Essa lógica, no entanto, ignora um ponto crucial. Processos exploratórios genuínos exigem mais do que competência administrativa. Exigem a capacidade de questionar formas estabelecidas de pensar, reconhecer mudanças de paradigma e assumir riscos estratégicos. Um ministro sem conhecimento técnico substancial fica estruturalmente sobrecarregado pela tarefa de navegar entre a expertise conservadora de seus funcionários públicos e cenários futuros alternativos.
A dependência dispendiosa: quando consultores externos moldam as políticas.
O problema é agravado pela dependência sistemática da política em relação a consultores externos. O governo federal alemão gastou mais de € 1,6 bilhão com consultores externos nos últimos dez anos, e esse valor continua a aumentar. Somente entre 2020 e 2023, os gastos aumentaram 39%, chegando a quase € 240 milhões anuais. Esses números revelam um déficit estrutural. Apesar de uma administração federal em constante crescimento, com aproximadamente 300 mil funcionários, o Estado está cada vez mais incapaz de cumprir suas principais atribuições por conta própria. Essa situação é particularmente grave no setor de TI, onde o governo federal precisa desenvolver sua própria expertise para não comprometer a integridade da administração.
O verdadeiro problema da dependência de consultores, contudo, reside em algo mais profundo do que a mera questão de custos. Os modelos de negócio das grandes empresas de consultoria são concebidos para criar dependências de longo prazo e estabelecer relações contínuas com os clientes. Isso é alcançado por meio da criação de conhecimento proprietário, do controle sobre os processos de implementação e do posicionamento estratégico em redes de tomada de decisão. Os consultores não têm interesse intrínseco em capacitar seus clientes a se tornarem autossuficientes. Pelo contrário, seu sucesso econômico depende de se posicionarem como indispensáveis. Esse conflito de interesses cria um conflito fundamental. Quando consultores externos assumem, na prática, tarefas políticas essenciais, como a elaboração de leis ou o desenvolvimento de programas estratégicos, a legitimidade democrática da ação governamental é minada.
O efeito da porta giratória: uma porta de entrada para interesses particulares.
Esse problema é agravado pelo chamado efeito porta giratória. Políticos e funcionários públicos de alto escalão migram para cargos bem remunerados em empresas de consultoria, organizações de lobby ou associações empresariais após o término de seus mandatos. Entre 1949 e 2014, 18% dos ex-ministros federais ascenderam, em menos de um ano, a cargos de destaque no setor privado, frequentemente em áreas pelas quais haviam sido anteriormente responsáveis politicamente. Após dez anos, esse número subiu para 24%. Essas perspectivas de carreira criam incentivos sutis para moldar as decisões políticas de forma a favorecer interesses específicos. A mera suspeita de enriquecimento ilícito prejudica a confiança na independência das decisões políticas. O fato de políticos monetizarem seus contatos, conhecimento privilegiado e influência para fins privados após deixarem o cargo mina a própria ideia de serviço público democrático.
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- Uma década da escalada: a crônica do aumento das despesas consultivas do governo federal na Alemanha (FRG)
Monocultura intelectual: o perigo do pensamento uniforme.
Além disso, a cultura da consultoria leva a uma monocultura intelectual. Grandes empresas de consultoria, como McKinsey, Boston Consulting Group, Roland Berger e outras, representam filosofias de gestão e paradigmas econômicos específicos. Suas recomendações frequentemente seguem padrões semelhantes, independentemente do contexto específico. Ganhos de eficiência por meio da padronização, privatização de serviços públicos, abordagens da Nova Gestão Pública e mecanismos de controle orientados para o mercado formam a base ideológica dessa lógica de consultoria. No entanto, processos exploratórios genuínos exigem diversidade intelectual, a capacidade de pensar fora da caixa e a disposição de questionar fundamentalmente os paradigmas dominantes. Um sistema político que se baseia sistematicamente em conselhos de algumas grandes empresas de consultoria perde gradualmente essa capacidade de diversidade cognitiva.
Adequado para:
Presos no ciclo eleitoral: a miopia estrutural da democracia
A falta estrutural de pensamento exploratório na política é fundamentalmente exacerbada pelas estruturas de incentivo dos sistemas democráticos. O ciclo eleitoral de quatro anos define o horizonte temporal da ação política. Os políticos devem demonstrar sucessos tangíveis dentro desse período para garantir sua reeleição. Investimentos de longo prazo em infraestrutura, educação ou pesquisa, cujos benefícios só se tornam aparentes após anos ou décadas, são racionalmente pouco atraentes sob essa perspectiva. Os custos são incorridos imediatamente e oneram o orçamento, enquanto os benefícios são percebidos apenas em um futuro distante e provavelmente beneficiarão um governo diferente. Por outro lado, medidas populares no curto prazo são favorecidas, mesmo que sejam contraproducentes no longo prazo. Esse fenômeno é descrito na pesquisa em economia política como o ciclo político-econômico.
A natureza imediatista do planejamento político é exacerbada pelo fenômeno das campanhas eleitorais permanentes. Na Alemanha, devido à sua estrutura federal, as eleições estaduais são realizadas quase continuamente. Os governos federais, portanto, estão sob pressão eleitoral constante de fato. Reformas ousadas, com custos de ajuste dolorosos a curto prazo, são sistematicamente adiadas ou diluídas. O paradoxo da prevenção, descrito por Lars-Hendrik Röller, ex-conselheiro de política econômica de Angela Merkel, reforça esse mecanismo. Se os políticos resolvem um problema em tempo hábil, ninguém reconhece a necessidade de ação. No entanto, se uma iniciativa fracassa, bodes expiatórios são imediatamente procurados. Essa suscetibilidade assimétrica ao fracasso favorece a gestão reativa de crises em detrimento da prevenção proativa.
Entraves institucionais: Inércia da reforma devido a emaranhados de políticas
As estruturas institucionais da política alemã reforçam ainda mais essa tendência à exploração. O sistema de interdependência política, no qual os governos federal e estaduais devem tomar decisões conjuntas em diversas áreas, leva a sistemas de negociação complexos, dominados pela evitação de conflitos e pela busca do mínimo denominador comum. A inércia resultante em relação às reformas tem sido objeto de análise crítica há décadas. O que muitas vezes é negligenciado, no entanto, é a dimensão exploratória desse problema. Os sistemas de interdependência são voltados para a construção de consenso. Mas o consenso é alcançado mais facilmente por meio de melhorias incrementais no sistema existente do que por meio de realinhamentos fundamentais. A exploração exige a disposição de questionar os arranjos estabelecidos e de se engajar em conflitos. É precisamente essa disposição para o conflito que é sistematicamente reprimida pelas estruturas de interdependência.
A burocracia avessa ao risco: estabilidade em detrimento da inovação.
A burocracia ministerial, como núcleo da organização governamental, reforça ainda mais essa orientação exploratória. Os servidores públicos são treinados na continuidade, na segurança jurídica e na aplicação de procedimentos estabelecidos. Suas carreiras se baseiam na execução confiável das tarefas atribuídas, e não em inovações arriscadas. A estrutura do funcionalismo público, com suas salvaguardas, cria uma cultura organizacional avessa ao risco. Embora os secretários de Estado possam ser substituídos durante as mudanças de governo, o nível de chefia dos departamentos e a estrutura da gestão intermediária permanecem em grande parte estáveis. Essa continuidade traz vantagens para o funcionamento do aparato estatal, mas, simultaneamente, dificulta mudanças fundamentais de rumo. Quando um novo ministro assume o cargo com ideias inovadoras, ele se depara com uma burocracia estabelecida que resiste, sutil ou abertamente, a mudanças que ameaçam suas rotinas e estruturas de poder consolidadas.
O que significa exploração na política?
A questão de saber se o conceito de ambidestria pode ser aplicado à política exige, em primeiro lugar, uma analogia precisa. Em economia, a exploração refere-se à otimização de modelos de negócios existentes, enquanto a prospecção significa a busca por novas áreas de negócios e inovações. Em política, a exploração corresponde às atividades cotidianas de governar. Legislação, planejamento orçamentário, gestão de crises, equilíbrio de interesses e a administração de programas existentes dominam a vida política diária. Essas atividades são indispensáveis para o funcionamento da sociedade. A prospecção política, por outro lado, abrangeria a busca sistemática por novas soluções, a antecipação de desafios futuros, o teste de abordagens políticas inovadoras e o questionamento fundamental dos paradigmas políticos estabelecidos.
A diferença crucial em relação ao mundo empresarial reside na estrutura de legitimidade. As empresas podem alternar com relativa liberdade entre exploração e experimentação, desde que convençam seus stakeholders. A política democrática, por outro lado, está sujeita a escrutínio contínuo por meio de eleições, da mídia e da sociedade civil. Toda política experimental acarreta o risco de fracasso e, consequentemente, de perda de legitimidade. Essa incerteza fundamental explica, em grande parte, a aversão à experimentação entre os atores políticos. Além disso, as decisões políticas são vinculativas para a sociedade como um todo. Os experimentos empresariais afetam principalmente a empresa individual e seus stakeholders diretos. Os experimentos políticos, por outro lado, afetam potencialmente todos os cidadãos. Os riscos de fracasso são, portanto, significativamente maiores.
Abordagens para uma política ambidestra: inovações institucionais
Apesar dessas diferenças estruturais, é possível identificar abordagens para a exploração política. A ambidestria estrutural da teoria organizacional significaria, na esfera política, a criação de unidades institucionais separadas, incumbidas exclusivamente do trabalho exploratório. Formas rudimentares dessas abordagens já existem. Conselhos consultivos científicos, grupos de reflexão, comissões sobre o futuro e conselhos de especialistas assumem, em parte, funções exploratórias. São formalmente independentes da política do dia a dia e podem desenvolver perspectivas de longo prazo. No entanto, o problema dessas estruturas reside na sua falta de poder coercitivo. Suas recomendações muitas vezes não surtem efeito se não estiverem alinhadas aos interesses de curto prazo do governo. Além disso, a credibilidade desses órgãos é frequentemente minada por conflitos de interesse. Se membros de conselhos consultivos científicos trabalham simultaneamente como consultores para empresas, ou se grupos de reflexão são financiados por interesses específicos, sua independência é posta em questão.
Uma ambidestria estrutural séria na política exige, portanto, inovações institucionais que vão além do sistema existente. A Finlândia estabeleceu uma abordagem interessante com seu comitê parlamentar para o futuro. Este comitê lida exclusivamente com questões estratégicas de longo prazo e trabalha sistematicamente com cenários futuros. Suas recomendações são de natureza consultiva, mas são levadas a sério no processo político. A Alemanha poderia estabelecer estruturas semelhantes, talvez na forma de uma segunda câmara fora do Bundesrat (Conselho Federal), dedicada exclusivamente a questões de sustentabilidade de longo prazo. Esta câmara poderia ser composta por representantes de diversos grupos sociais que não estão sujeitos ao ciclo eleitoral imediato. Tal órgão poderia ter poder de veto sobre propostas legislativas que comprometam as metas de sustentabilidade de longo prazo.
Outra abordagem para a ambidestria estrutural seria o estabelecimento de laboratórios de inovação dentro dos ministérios governamentais. Alguns estados e municípios alemães já experimentaram tais estruturas. Esses laboratórios desenvolvem abordagens políticas experimentais, testam novos procedimentos administrativos e experimentam formas inovadoras de participação. O problema, no entanto, reside em sua posição marginal. Os laboratórios de inovação são frequentemente vistos como mera fachada, enquanto a atividade política real permanece inalterada. A verdadeira ambidestria estrutural exigiria que as unidades exploratórias tivessem orçamentos substanciais, autoridade para tomada de decisões e a capacidade de integrar suas descobertas à política convencional.
Além das Estruturas: Caminhos para uma Cultura Exploratória
A ambidestria contextual, um conceito da teoria organizacional, baseia-se na capacidade das organizações de alternarem entre modos exploratórios e exploratórios sem divisões estruturais. Na política, isso significaria que ministérios e administrações públicas desenvolveriam a competência cultural e metodológica para transitar, de acordo com a situação, entre operações rotineiras e pensamento exploratório. Contudo, isso requer habilidades pouco desenvolvidas na cultura administrativa alemã. O design thinking, as metodologias ágeis, o desenvolvimento participativo de cenários e as avaliações sistemáticas estão cada vez mais presentes em empresas, mas ainda são exceções na administração pública. Estabelecer uma cultura administrativa exploratória exigiria mudanças fundamentais na formação, nos incentivos de carreira e nas estruturas de liderança.
Um elemento fundamental da formulação de políticas exploratórias seria a avaliação sistemática das medidas políticas existentes. A formulação de políticas baseada em evidências, ou seja, a formulação de políticas com base em evidências científicas comprovadas de sua eficácia, está significativamente mais desenvolvida em países como a Grã-Bretanha, os Países Baixos e os países escandinavos do que na Alemanha. Embora esses países avaliem sistematicamente quais medidas políticas alcançam os efeitos pretendidos, a Alemanha muitas vezes demonstra falta de disposição para realizar avaliações de desempenho honestas. Frequentemente, os programas são mantidos por conveniência política, e não por sua eficácia comprovada. A formulação de políticas exploratórias exigiria a disposição de abandonar abordagens fracassadas e expandir modelos bem-sucedidos. Contudo, isso pressupõe uma cultura que aceite os erros e não interprete automaticamente o fracasso político como uma perda de legitimidade.
O papel da expertise externa precisa ser fundamentalmente redefinido em um sistema político ambidestro. Em vez da atual dependência de empresas de consultoria comercial com seus próprios interesses econômicos, são necessárias estruturas independentes para o aconselhamento científico em políticas públicas. Essas estruturas devem atender a rigorosos padrões de transparência. Todas as fontes de financiamento, potenciais conflitos de interesse e limitações metodológicas devem ser divulgadas. A garantia da qualidade no aconselhamento científico em políticas públicas exige processos de revisão por pares, discussão pública das recomendações e a possibilidade de opiniões minoritárias dissidentes. Somente assim será possível evitar que o aconselhamento em políticas públicas se degenere em um meio de legitimar decisões já tomadas.
Um problema fundamental na situação atual reside na falta de rotatividade entre política, administração, academia e prática. Enquanto em outros países a transição entre essas esferas é considerada enriquecedora e institucionalmente incentivada, na Alemanha as fronteiras são relativamente rígidas. Os funcionários públicos geralmente permanecem na administração durante toda a carreira. Acadêmicos que ingressam na política são frequentemente vistos com suspeita. Por outro lado, é difícil para atores políticos retornarem a outras áreas após deixarem a política sem serem suspeitos de corrupção. Essa falta de permeabilidade dificulta a transferência de conhecimento e o desenvolvimento de diversas habilidades que seriam necessárias para processos exploratórios.
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Poder, mídia e moralidade: as raízes profundas do status quo
A questão dos obstáculos à política exploratória leva diretamente à dinâmica de poder dentro do sistema político. Grupos de interesse estabelecidos se beneficiam do status quo e têm pouco interesse em mudanças fundamentais. Isso se aplica não apenas a grupos de pressão econômicos, mas também ao próprio sistema político. Os partidos, como organizações, têm suas próprias tendências à inércia. Suas estruturas programáticas, coalizões de interesses e posicionamentos ideológicos criam dependências de trajetória que dificultam realinhamentos exploratórios. Um partido que representa sua base eleitoral tradicional não pode implementar facilmente mudanças políticas fundamentais sem alienar essa base. Esse compromisso com segmentos eleitorais estabelecidos restringe sistematicamente o escopo para uma exploração genuína.
O cenário midiático amplifica ainda mais essa dinâmica. O ciclo de notícias privilegia conflitos, escândalos e eventos espetaculares. Debates estratégicos de longo prazo são difíceis de comunicar pela mídia. Um ministro que lança um programa exploratório para testar novas abordagens políticas recebe pouca atenção da mídia, a menos que algo dê errado. No entanto, se um experimento falha, ele é rotulado como um fracasso. Essa suscetibilidade assimétrica ao erro leva a uma preferência pela rotina avessa ao risco em detrimento de abordagens experimentais. A profissionalização da comunicação política intensificou essa tendência. Os políticos atuam cada vez mais como marcas que não podem se dar ao luxo de demonstrar fraqueza. Processos exploratórios genuínos, que necessariamente envolvem incerteza e aprendizado por tentativa e erro, não se encaixam nesse paradigma de comunicação.
Teoricamente, a sociedade civil poderia desempenhar um papel crucial na exploração política. Movimentos sociais, ONGs e iniciativas cidadãs frequentemente introduzem ideias inovadoras no discurso político. O problema, contudo, reside nas dificuldades de traduzir a inovação da sociedade civil em implementação política. Os atores da sociedade civil raramente possuem os recursos e o poder institucional necessários para integrar suas ideias à política convencional. Por outro lado, quando as inovações da sociedade civil são adotadas pelos formuladores de políticas, elas frequentemente se tornam tão diluídas e institucionalizadas que seu núcleo inovador se perde.
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- Ambidestria Organizacional como Modelo de Negócio Estratégico: Como o Desenvolvimento de Negócios de Exploração é a Solução
Implementação prática: Legitimidade, financiamento e organização.
Uma política ambidestra precisaria desenvolver mecanismos para organizar sistematicamente esse processo de tradução. A formulação participativa de políticas, que envolve cidadãos, especialistas e profissionais no desenvolvimento de novas abordagens políticas, seria um componente crucial. Países como Taiwan têm experimentado plataformas digitais de participação que permitem o uso da inteligência coletiva na formulação de políticas. A Alemanha poderia estabelecer abordagens semelhantes que vão além da participação simbólica e possibilitam a coprodução genuína de políticas. No entanto, isso requer a disposição das elites políticas em abrir mão do controle e tomar decisões de forma aberta e transparente.
O financiamento de políticas exploratórias apresenta outro problema fundamental. Por definição, os processos exploratórios são abertos e acarretam o risco de fracasso. Do ponto de vista da política fiscal, contudo, é difícil justificar o financiamento de experimentos cujo sucesso é incerto. A estrutura orçamentária, com seu planejamento orçamentário anual, complica ainda mais os projetos exploratórios de longo prazo. Uma solução poderia ser o estabelecimento de orçamentos de inovação separados, explicitamente reservados para abordagens políticas experimentais. Esses orçamentos precisariam ser parcialmente desvinculados da disciplina orçamentária regular e demonstrar maior tolerância ao fracasso. Ao mesmo tempo, uma cultura de avaliação rigorosa precisaria garantir que as lições sejam aprendidas com os fracassos e que os experimentos bem-sucedidos sejam ampliados.
O conceito de ambidestria temporal, da teoria organizacional, significaria, na política, que fases de exploração intensiva e fases de exploração estratégica se alternam sistematicamente. Isso poderia ser alcançado, por exemplo, por meio de processos estratégicos institucionalizados no início de um período legislativo, nos quais decisões fundamentais são tomadas, seguidas por fases de implementação. O problema, contudo, reside na imprevisibilidade do processo político. Crises imprevistas forçam constantemente ajustes na agenda. A pandemia de COVID-19 exemplificou como choques externos podem tornar obsoleto todo planejamento de longo prazo. Uma ambidestria estruturada temporalmente exigiria, portanto, a capacidade de manter capacidades exploratórias apesar de crises agudas, em vez de sucumbir exclusivamente ao modo de crise.
A questão da legitimidade democrática das estruturas exploratórias é de fundamental importância. Se as unidades exploratórias receberem poderes de decisão significativos, surge a questão do seu controlo democrático. Um futuro conselho ou laboratórios de inovação que não sejam eleitos diretamente e não estejam sujeitos a um ciclo eleitoral imediato poderiam ser criticados por falta de legitimidade democrática. Delegar poder de decisão a especialistas é politicamente sensível, como demonstraram os debates em torno da independência dos bancos centrais ou do papel dos conselhos consultivos científicos durante a crise da COVID-19. A exploração legitimada democraticamente necessitaria, portanto, de incluir mecanismos de responsabilização, procedimentos transparentes e a possibilidade de supervisão parlamentar. Ao mesmo tempo, porém, deve estar suficientemente desvinculada do ciclo eleitoral de curto prazo para permitir o desenvolvimento de perspetivas de longo prazo.
A estrutura federal da Alemanha oferece, inerentemente, potencial para políticas exploratórias. Os diferentes estados federados podem servir como campos de teste para abordagens políticas inovadoras. Os modelos bem-sucedidos podem então ser transferidos para o nível federal. No entanto, esse potencial é parcialmente contrabalançado pelos já mencionados emaranhados de políticas e pela pressão por harmonização. Além disso, faltam mecanismos sistemáticos para o aprendizado de políticas entre os estados federados. Uma política de federalismo exploratório precisaria estabelecer formas institucionalizadas de troca de experiências, avaliação comparativa e transferência de conhecimento direcionada. Isso iria além das redes informais que atualmente predominam.
Áreas específicas de atuação: Onde faltam políticas exploratórias
Teoricamente, a União Europeia poderia representar um nível de política exploratória. Seu relativo distanciamento dos ciclos eleitorais nacionais e sua tarefa de moldar a integração a longo prazo a predispõem a funções exploratórias. De fato, a UE desenvolveu abordagens políticas visionárias em algumas áreas, como a política climática ou a regulamentação digital. O problema, contudo, reside em sua crônica crise de legitimidade e nos complexos processos de tomada de decisão que frequentemente levam a compromissos baseados no mínimo denominador comum. Uma política europeia ambidestra teria que reajustar o equilíbrio entre a governança estratégica supranacional e a legitimidade democrática nacional.
A inteligência artificial e as tecnologias digitais estão abrindo novas possibilidades para políticas exploratórias. Simulações, análises de cenários e modelagem de políticas orientada por dados permitem avaliar os efeitos de medidas políticas antes de sua implementação. No entanto, o perigo reside em uma simplificação tecnocrática excessiva que compreende erroneamente as decisões políticas como meros problemas de otimização. A verdadeira política exploratória envolve decisões normativas sobre futuros desejáveis, que não podem ser tomadas por algoritmos. A tecnologia pode apoiar processos exploratórios, mas não pode substituí-los.
A crise climática evidencia o dilema da exploração política com particular urgência. A necessária transformação rumo à neutralidade climática exige mudanças fundamentais nos setores de energia, mobilidade, indústria, agricultura e consumo. Esses são desafios clássicos de exploração. Os prazos necessários para essa transformação ultrapassam alguns mandatos legislativos. Os custos são incorridos no curto prazo, enquanto os benefícios só se materializam no longo prazo. Além disso, os encargos da adaptação são distribuídos de forma desigual, gerando resistência. Uma política climática ambidestra teria que encontrar um equilíbrio entre estabilizar as estruturas econômicas existentes durante a fase de transição e explorar consistentemente alternativas neutras em carbono. A política climática atual oscila entre esses polos sem desenvolver um conceito ambidestro coerente.
O envelhecimento demográfico representa um desafio adicional que exige políticas exploratórias. Os sistemas sociais existentes baseiam-se em pressupostos sobre a estrutura populacional e o histórico de emprego que estão se tornando cada vez mais obsoletos. Uma política social exploratória teria que desenvolver, testar e avaliar modelos alternativos. Experimentos de renda básica, modelos flexíveis de pensão ou novas formas de organização do cuidado seriam exemplos de tais abordagens exploratórias. No entanto, a política social atual permanece amplamente focada em ajustes incrementais aos sistemas existentes, em vez de explorar alternativas fundamentais.
A digitalização também exige abordagens políticas exploratórias. A regulamentação de plataformas digitais, o gerenciamento da inteligência artificial, o projeto de infraestruturas digitais e o equilíbrio entre inovação e regulamentação são questões para as quais não existem soluções consolidadas. Uma política digital exploratória teria que testar abordagens regulatórias experimentais, como ambientes regulatórios experimentais (sandboxes) nos quais novos modelos de negócios podem ser testados em condições controladas. No entanto, a política digital alemã é tradicionalmente caracterizada por ceticismo e aversão ao risco, o que sistematicamente dificulta abordagens exploratórias.
A política educacional exemplifica as dificuldades da exploração política. Mudanças demográficas, digitalização e as demandas em constante evolução do mercado de trabalho exigem reformas educacionais fundamentais. No entanto, a fragmentação federal do sistema educacional, as disputas ideológicas internas e o poder da burocracia educacional dificultam a inovação sistêmica. Abordagens exploratórias individuais, como conceitos alternativos de escolas ou formatos inovadores de universidades, permanecem projetos de nicho sem impacto sistêmico. Uma política educacional ambidestra precisaria criar espaços sistemáticos para experimentação, identificar inovações bem-sucedidas e facilitar sua transferência sem comprometer a estabilidade do sistema como um todo.
A viabilidade futura da democracia está sob escrutínio.
A questão da ambidestria política é, em última análise, uma questão da viabilidade futura dos sistemas democráticos. Sociedades que dependem exclusivamente da exploração perdem gradualmente sua capacidade de adaptação. Tornam-se sistemas reativos que apenas reagem a choques externos, em vez de moldar proativamente o futuro. A pandemia da COVID-19 expôs dolorosamente essa reatividade. Apesar de anos de alertas sobre os riscos de pandemias, as capacidades de prevenção e resposta a crises mostraram-se completamente inadequadas. Uma política exploratória teria desenvolvido cenários, implementado medidas preventivas e construído capacidades de resposta flexíveis. Em vez disso, a improvisação foi necessária em modo de crise.
Estabelecer uma política ambidestra exige uma mudança cultural. A aceitação da incerteza, a disposição para aprender com os erros e a capacidade de pensamento estratégico a longo prazo devem ser cultivadas como virtudes políticas. Isso contrasta com a cultura política atual, que prioriza o controle, a previsibilidade e a evitação de erros. Uma cultura política exploratória encorajaria políticos e burocratas a assumirem riscos calculados, a encararem experimentos fracassados como oportunidades de aprendizado e a desenvolverem cenários futuros alternativos sem que isso seja interpretado como uma fraqueza.
O papel dos cidadãos em um sistema político ambidestro exige reflexão. A democracia se baseia na soberania do povo. Contudo, quando as preferências eleitorais de curto prazo dominam sistematicamente as necessidades de longo prazo, surge um dilema democrático. Uma abordagem exploratória da política poderia ser criticada como elitista, impondo projetos de longo prazo contra a opinião da maioria. A solução não pode estar em enfraquecer o controle democrático, mas sim em desenvolver formas deliberativas que permitam a integração de perspectivas de curto e longo prazo. Assembleias de cidadãos que abordem questões futuras de longo prazo poderiam ser um desses elementos. Sua legitimidade não derivaria de eleições, mas de um processo de deliberação transparente e inclusivo.
Um apelo por uma democracia corajosa e ambidestra.
A questão dos recursos para políticas exploratórias permanece central. A exploração exige tempo, dinheiro e pessoal. Em um sistema de sobrecarga permanente, esses recursos são sistematicamente escassos. Ministros e funcionários públicos estão sobrecarregados com as atividades cotidianas. Faltam tempo e recursos para a reflexão estratégica, o desenvolvimento de cenários alternativos e o teste de abordagens inovadoras. Uma política ambidestra, portanto, teria que criar conscientemente espaços dissociados das pressões operacionais. Isso poderia ser alcançado por meio de períodos sabáticos para executivos, da criação de tempo dedicado à reflexão ou da redução sistemática de tarefas rotineiras por meio da digitalização e da desburocratização.
O poder do hábito não deve ser subestimado. As instituições desenvolvem rotinas e culturas que desafiam o controle consciente. Portanto, a política ambidestra exige não apenas reformas estruturais, mas mudanças fundamentais no DNA organizacional das instituições políticas. Este é um processo longo, inerentemente exploratório. Não existe um modelo predefinido para a política ambidestra; ela deve ser desenvolvida, testada e adaptada passo a passo.
A questão da exploração política não é um exercício acadêmico, mas um desafio existencial para as democracias modernas. Em um mundo de mudanças aceleradas, múltiplas crises e necessidades fundamentais de transformação, as sociedades não podem mais se dar ao luxo de uma política focada unicamente na exploração. A negligência sistemática dos processos exploratórios leva a uma erosão gradual da capacidade de ação. As sociedades perdem a capacidade de moldar ativamente seu futuro e se tornam objetos passivos dos acontecimentos globais.
Estabelecer uma política ambidestra é possível, mas exige coragem. Coragem para inovar institucionalmente, coragem para delegar poder a estruturas exploratórias, coragem para confrontar interesses estabelecidos e coragem para aceitar a incerteza. Exige também a disposição de desenvolver ainda mais os processos democráticos sem sacrificar seus princípios fundamentais. Uma democracia ambidestra combinaria a capacidade de resposta imediata às preferências dos eleitores com uma governança estratégica de longo prazo. Combinaria a estabilidade das instituições estabelecidas com a flexibilidade da política experimental. Utilizaria o conhecimento científico sem sucumbir à tecnocracia.
A alternativa à política ambidestra é a irrelevância gradual. Sistemas políticos que apenas reagem em vez de moldar o futuro perdem sua legitimidade. Os cidadãos se afastam de um sistema político que não oferece respostas para as questões prementes do futuro. A confiança nas instituições democráticas se deteriora quando estas são percebidas como incapazes de resolver problemas. A crise da democracia nas sociedades ocidentais é também uma crise de insuficiente capacidade exploratória. Movimentos populistas prometem soluções simplistas e um retorno à sensação de segurança do passado. Em contraste, uma política ambidestra reconheceria a complexidade, desenvolveria diversas opções para o futuro e permitiria que os cidadãos tomassem decisões informadas sobre seu futuro compartilhado. Esta seria uma democracia que honra sua responsabilidade para com as gerações futuras.
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