Soberania digital na Europa: onde está o prometido metaverso ‘Made in France’?
Qual é a situação do ambicioso projeto Metaverso da França?
Em 2022, o presidente francês Emmanuel Macron anunciou planos ambiciosos para criar um Metaverso Europeu que serviria como uma alternativa às ofertas existentes de grandes grupos tecnológicos internacionais como o Meta. Este projecto foi uma parte central dos seus esforços para estabelecer a França como uma “nação start-up” líder e fortalecer a soberania digital da Europa. Mas qual é o estado atual desta iniciativa? O que foi alcançado até agora e que desafios ainda temos pela frente?
O começo: a visão francesa de um metaverso europeu
Em 2022, o Presidente Macron destacou a importância do Metaverso para o futuro desenvolvimento tecnológico e económico. Ao criar um “metaverso europeu”, a França não quis apenas responder ao domínio dos gigantes tecnológicos americanos e asiáticos, mas também ter em conta os valores europeus de abertura, segurança e proteção de dados. Macron enfatizou: “A Europa deve afirmar a sua soberania digital e estabelecer padrões que correspondam aos nossos princípios éticos e culturais”.
Em 2023, o governo francês concretizou esta visão com um inquérito iniciado pelo Ministério da Economia. O objetivo foi captar as opiniões e expectativas de cidadãos, empresas, instituições de investigação e associações relativamente a universos virtuais imersivos. Este inquérito marcou um passo importante rumo a uma estratégia nacional para o Metaverso que deverá ter em conta não só aspectos tecnológicos, mas também económicos e culturais.
A estratégia da Europa para a Web 4.0 e os mundos virtuais
Paralelamente aos esforços da França, a Comissão Europeia publicou uma estratégia abrangente para a Web 4.0 e os mundos virtuais em julho de 2023. Isto visa gerir a transição para uma nova era tecnológica em que os mundos virtuais desempenharão um papel cada vez mais importante. A estratégia da UE baseia-se na criação de um ecossistema digital aberto, seguro e justo que satisfaça as necessidades dos cidadãos, das empresas e das administrações públicas. A iniciativa Metaverso da França está intimamente relacionada com esta visão europeia, uma vez que ambas as abordagens visam reduzir as dependências internacionais e promover os padrões europeus.
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O status atual: primeiros passos e perguntas abertas
Apesar dos objectivos ambiciosos, os resultados concretos em França têm permanecido até agora administráveis. Em meados de 2023, nenhum projeto piloto específico para um metaverso francês foi apresentado publicamente. No entanto, Jean-Noël Barrot, Secretário de Estado da Transformação Digital e Telecomunicações, sublinhou a importância desta iniciativa: “O Metaverso detém um imenso potencial tecnológico e económico. A França tem a oportunidade de assumir um papel de liderança nesta área.”
O governo francês está atualmente na fase de avaliação da consulta nacional. Os dados recolhidos servirão de base para o desenvolvimento de uma estratégia abrangente que tenha em conta tanto a dimensão tecnológica como a económica e cultural do Metaverso. Em particular, está a examinar como a França pode desenvolver alternativas independentes às ofertas existentes de grupos tecnológicos internacionais. O foco está na criação de plataformas que cumpram as diretrizes europeias de proteção de dados e os padrões éticos.
No entanto, desenvolver um metaverso europeu não é uma tarefa fácil. A França e a UE enfrentam vários desafios:
1. Dependência tecnológica
Muitas das tecnologias utilizadas atualmente, especialmente nas áreas de realidade virtual (VR) e realidade aumentada (AR), vêm de grandes corporações internacionais. Será necessário um investimento significativo em investigação e desenvolvimento para reduzir esta dependência.
2. Recursos financeiros
O desenvolvimento de um metaverso competitivo requer recursos financeiros significativos. A França terá de mobilizar investidores públicos e privados para fornecer os fundos necessários.
3. Aceitação cultural
Embora o Metaverso já esteja a receber muita atenção em alguns países como os EUA e a Coreia do Sul, o interesse na Europa, especialmente em França, ainda é comparativamente baixo. São necessárias medidas específicas de educação e comunicação para aumentar a sensibilização para as possibilidades do Metaverso.
Ao mesmo tempo, o metaverso oferece um enorme potencial. Poderia servir como plataforma para modelos de negócios inovadores, criar novas oportunidades na educação e no entretenimento e revolucionar a colaboração entre empresas, instituições de investigação e governos. A França vê esta área como uma oportunidade para estabelecer padrões não só tecnológicos, mas também culturais e económicos.
Os planos futuros da França
Apesar das incertezas que ainda existem, a iniciativa da França mostra uma vontade clara de se tornar ativa na área do metaverso e de estabelecer os seus próprios padrões. A estratégia nacional actualmente em elaboração poderá colocar a França num papel pioneiro na Europa. O objetivo é desenvolver plataformas e tecnologias que se caracterizem pela segurança, interoperabilidade e diversidade cultural.
Em colaboração com a UE, a França continuará os seus esforços para criar um modelo alternativo às ofertas internacionais existentes. Será crucial encontrar um equilíbrio entre a competitividade económica, o progresso tecnológico e a preservação dos valores europeus.
Um projeto ambicioso com um resultado aberto
A visão francesa de um metaverso europeu é, sem dúvida, ambiciosa. Embora os projetos e resultados concretos ainda demorem a surgir, os passos dados até agora mostram que a França está empenhada em assumir um papel de liderança nesta área. Os próximos anos mostrarão se será possível superar os desafios tecnológicos, económicos e culturais e fazer do Metaverso uma história de sucesso “Made in Europe”.
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