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Independência digital: o plano radical da Europa para se soltar dos EUA - o caso Karim Khan foi uma chamada de despertar

Independência digital: o plano radical da Europa para se resolver dos EUA - o caso Karim Khan foi uma chamada de despertar

Independência digital: o plano radical da Europa para se libertar dos EUA – O caso Karim Khan foi um alerta – Imagem: Xpert.Digital

Uma bomba em Bruxelas: a UE quer virar as costas à Microsoft – estas são as alternativas.

Acabar com a dependência? O que a luta da Europa pela soberania dos dados significa para todos nós.

A União Europeia atravessa um momento crucial na sua estratégia digital. O que começou como uma mera consideração está a transformar-se cada vez mais num realinhamento concreto da política europeia para a computação em nuvem, o que poderá ter implicações de longo alcance para todo o setor tecnológico.

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Situação atual: dependência das gigantes americanas da tecnologia.

A Comissão Europeia encontra-se atualmente em negociações avançadas com a OVHcloud, a maior fornecedora de serviços de nuvem da Europa, relativamente a uma possível substituição da sua atual infraestrutura Microsoft Azure. Estas conversações, que decorrem há várias semanas, fazem parte de uma estratégia mais ampla para reforçar a soberania digital europeia no setor da nuvem.

A decisão não surpreende, dada a atual conjuntura do mercado. Empresas e instituições europeias têm dependido fortemente de provedores de nuvem americanos, como Amazon Web Services, Microsoft Azure e Google Cloud, há anos. Essa dependência tem se mostrado problemática em um momento de tensão geopolítica, pois sujeita as organizações europeias à influência legal e política dos Estados Unidos.

O alerta: O caso Karim Khan

Um evento particularmente significativo aumentou consideravelmente a urgência do debate em torno da soberania digital. Karim Khan, procurador-chefe do Tribunal Penal Internacional, teve seu acesso à sua conta de e-mail da Microsoft bloqueado devido a sanções dos EUA. Essa ação ocorreu após o governo Trump impor sanções ao Tribunal Penal Internacional para obstruir as investigações sobre as ações israelenses na Faixa de Gaza.

A Microsoft bloqueou abruptamente a conta de e-mail de Khan, forçando o procurador britânico a mudar para um provedor de e-mail suíço. Simultaneamente, suas contas bancárias foram congeladas e todos os 900 funcionários do Tribunal Penal Internacional foram proibidos de entrar nos Estados Unidos. Essa ação é considerada sem precedentes por especialistas e serviu como um alerta para todos os responsáveis ​​pela segurança das infraestruturas de TI governamentais e privadas.

O incidente ilustrou de forma dramática os riscos associados à dependência de empresas de tecnologia americanas. Essas empresas podem ser obrigadas a cessar seus serviços a qualquer momento, caso o governo dos EUA assim o ordene.

A resposta europeia: Mudanças estruturais na Comissão Europeia

A resposta da Comissão Europeia a esses desafios foi possível graças a uma mudança organizacional fundamental. Pela primeira vez, os dois departamentos digitais centrais da Comissão – a Direção-Geral das Redes de Comunicação, Conteúdos e Tecnologias e a Direção-Geral dos Serviços Digitais – estão sob o comando de um único Vice-Presidente.

Henna Virkkunen, a política finlandesa responsável pela soberania tecnológica, segurança e democracia, personifica essa nova direção estratégica. Em entrevista, ela enfatizou que soberania tecnológica significa ter capacidades próprias em todos os setores-chave e não depender de uma única empresa ou de um terceiro país para serviços essenciais. Essa consolidação de responsabilidades facilitou significativamente a harmonização das prioridades políticas e técnicas do executivo da UE.

Problemas legais com a Microsoft: Violações da proteção de dados

Além das preocupações geopolíticas, surgiram também problemas legais significativos com a Microsoft. Após uma investigação de três anos, o Supervisor Europeu de Proteção de Dados, Wojciech Wiewiórowski, concluiu que a Comissão Europeia, ao utilizar o Microsoft 365, violou diversas disposições do regulamento específico de proteção de dados para instituições da UE.

As principais críticas diziam respeito às salvaguardas inadequadas para a transferência de dados pessoais para países terceiros, como os EUA, bem como à falta de especificação dos tipos de dados a serem coletados e suas finalidades de uso. Wiewiórowski pediu à Comissão que suspendesse todas as transferências de dados para a Microsoft e seus parceiros em países não pertencentes à UE até dezembro de 2024.

A Comissão Europeia respondeu a essas alegações processando o encarregado da proteção de dados, enfatizando que o uso do Microsoft 365 estava em conformidade com as leis de proteção de dados. Ao mesmo tempo, argumentou que não havia alternativas viáveis. Essa disputa legal destaca os complexos desafios da transição para soluções de nuvem soberanas.

A iniciativa EuroStack: uma visão para a independência tecnológica europeia.

Os esforços da Comissão Europeia são apoiados pela iniciativa EuroStack, um movimento liderado pela indústria que visa uma infraestrutura digital europeia abrangente. Esta iniciativa, que já reúne mais de 250 signatários de diversos setores, apela a investimentos maciços em plataformas de TI partilhadas, espaços de dados, normas e estratégias coordenadas.

O EuroStack se vê não apenas como uma iniciativa técnica, mas como uma visão abrangente de política industrial para a Europa. O movimento argumenta que a Europa corre o risco de se tornar uma colônia digital se não investir em suas próprias capacidades tecnológicas. Francesco Bonfiglio, CEO da plataforma italiana de computação em nuvem Dynamo, enfatiza que a hegemonia das gigantes da tecnologia, particularmente no setor de nuvem, representa uma ameaça fundamental para a economia e a democracia europeias.

Alternativas à nuvem na Europa: uma visão geral dos concorrentes

A Comissão Europeia não está considerando apenas a OVHcloud como uma alternativa ao Microsoft Azure. Vários outros provedores de nuvem europeus também estão sendo analisados, incluindo a IONOS da Alemanha, a Scaleway da França e a Aruba da Itália.

Esses provedores já começaram a se coordenar e a desenvolver padrões comuns. Por exemplo, a IONOS e a Aruba, juntamente com a Dynamo, desenvolveram a Sovereign European Cloud API (SECA), um padrão aberto para gerenciamento de infraestrutura em nuvem. Essa iniciativa visa aprimorar a interoperabilidade entre provedores de nuvem europeus e evitar a dependência de um único fornecedor.

Achim Weiß, CEO da IONOS, descreve este desenvolvimento como um elemento fundamental para a construção de uma infraestrutura digital segura, independente e preparada para o futuro, que salvaguarda a soberania digital da Europa. A iniciativa SECA deve ser entendida como o primeiro passo da visão mais ampla do EuroStack.

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Resposta da Microsoft: Garantias digitais para a Europa

A Microsoft respondeu às crescentes preocupações com a soberania digital com uma série de compromissos para a Europa. A empresa anunciou cinco promessas principais, incluindo a expansão de sua infraestrutura de nuvem e IA na Europa, a manutenção da resiliência digital mesmo em tempos de instabilidade geopolítica e o fortalecimento das medidas de proteção de dados.

Com o Microsoft Sovereign Cloud, a empresa oferece soluções de nuvem pública e privada especificamente adaptadas às necessidades dos clientes europeus. Entre elas, estão o Data Guardian, que garante que apenas funcionários da Microsoft residentes na Europa tenham acesso remoto aos sistemas, e o Gerenciamento de Chaves Externas para criptografia definida pelo cliente.

O Limite de Dados da UE, que a Microsoft introduziu em 2023 e concluiu em 2025, garante que os dados dos clientes de serviços como Azure, Dynamics 365 e Microsoft 365 serão processados ​​dentro da UE por padrão. No entanto, ainda existem exceções para ameaças à segurança cibernética e suporte técnico, que podem levar a transferências de dados para fora da UE.

Apesar desses esforços, muitos decisores políticos europeus permanecem céticos. O fato de a Microsoft, enquanto empresa americana, estar sujeita à legislação dos EUA dificulta mudanças estruturais na situação de dependência.

Dinâmica do mercado: Crescimento dos provedores de nuvem europeus

O mercado europeu de computação em nuvem está experimentando um crescimento considerável, mas permanece fortemente dominado por provedores americanos. Embora o mercado tenha crescido seis vezes desde 2017 e a expectativa seja de que atinja uma taxa média de crescimento anual superior a 20% até 2030, os provedores europeus ainda detêm apenas uma pequena participação de mercado.

Essa discrepância se deve, em parte, aos enormes investimentos de capital que as gigantes americanas da tecnologia fizeram ao longo de décadas. Os provedores europeus já oferecem soluções abrangentes de Infraestrutura como Serviço (IaaS) em computação, armazenamento e redes, mas ainda precisam avançar em serviços gerenciados e funções especializadas.

Christian Scholz, da Arvato Systems, argumenta que nenhum provedor europeu individualmente possui os recursos financeiros para competir com os hiperescaladores americanos em todos os níveis. Em vez disso, é necessária a cooperação entre governo e indústria para construir alternativas de nuvem europeias competitivas internacionalmente.

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Desafios técnicos e práticos da migração

Uma migração completa do Microsoft Azure para alternativas europeias apresentaria desafios técnicos e logísticos significativos. A Comissão Europeia utiliza o Microsoft 365 para uma ampla gama de aplicações, incluindo Word, Excel, PowerPoint, Outlook e serviços online como OneDrive, Teams e SharePoint.

A mudança exigiria não apenas a migração de dados, mas também um extenso treinamento para milhares de funcionários e a adaptação de inúmeros processos de trabalho. Além disso, seria necessário implementar novos protocolos de segurança e atender aos requisitos de conformidade.

No entanto, especialistas consideram a potencial migração um precedente importante. Se a Comissão Europeia conseguir migrar para um provedor de nuvem europeu, isso poderá incentivar outras administrações públicas em toda a Europa a tomarem medidas semelhantes. A Comissão posiciona-se conscientemente como uma pioneira, capaz de definir o rumo de toda a transformação digital europeia através do seu exemplo.

Implicações geopolíticas e o papel dos EUA

Os desenvolvimentos no setor de computação em nuvem europeu estão intrinsecamente ligados à mudança na relação transatlântica. Durante o governo Trump, as tensões entre os EUA e a Europa se intensificaram em diversas áreas, exacerbando as preocupações europeias quanto à dependência de empresas de tecnologia americanas.

A Lei CLOUD, que permite às autoridades americanas acessar dados armazenados por empresas de tecnologia americanas, mesmo que esses dados estejam armazenados fora dos EUA, é um ponto crucial de controvérsia. Essa estrutura legal significa que dados europeus armazenados em provedores de nuvem americanos estão potencialmente sujeitos à legislação dos EUA.

Marietje Schaake, ex-membro do Parlamento Europeu e especialista em ciberpolítica, destaca que existe um forte desejo na Europa de minimizar os riscos e reduzir a dependência excessiva de empresas de tecnologia americanas. Esse desejo foi reforçado em uma carta aberta assinada por mais de 100 organizações, que instava os políticos europeus a buscarem maior independência tecnológica.

Impactos econômicos e perspectivas futuras

A possível saída da Comissão Europeia do Microsoft Azure pode ter consequências econômicas de longo alcance. Para a Microsoft, perder um cliente tão importante representaria um revés significativo, especialmente considerando o sinal que enviaria a outras instituições e empresas europeias.

Ao mesmo tempo, uma migração bem-sucedida poderia abrir oportunidades de crescimento significativas para os provedores de nuvem europeus. A OVHcloud e outros provedores europeus poderiam se beneficiar do aumento da demanda por soluções de nuvem soberanas, o que fortaleceria consideravelmente sua posição no mercado.

No entanto, as implicações a longo prazo podem ser ainda mais abrangentes. Uma iniciativa europeia bem-sucedida na área da computação em nuvem poderia lançar as bases para uma maior independência tecnológica da Europa. Isso não afetaria apenas o setor de computação em nuvem, mas poderia se estender a áreas como inteligência artificial, computação quântica e outras tecnologias estratégicas.

Um ponto de virada para o futuro digital da Europa.

As considerações da Comissão Europeia sobre a transição do Microsoft Azure para alternativas europeias na nuvem representam um potencial ponto de virada na política digital europeia. O que começou como uma decisão técnica evoluiu para uma questão fundamental sobre a soberania e a independência digital da Europa.

A combinação de tensões geopolíticas, desafios legais e oportunidades tecnológicas cria um ambiente no qual mudanças radicais parecem não apenas possíveis, mas necessárias. O caso de Karim Khan ilustrou vividamente os riscos associados à dependência de empresas de tecnologia americanas.

Ao mesmo tempo, iniciativas como o EuroStack e o SECA demonstram que a Europa possui a capacidade técnica e a visão industrial para construir infraestruturas digitais alternativas. O desafio agora reside em traduzir essa visão em medidas políticas e investimentos concretos.

Independentemente de a Comissão Europeia optar ou não por uma transição completa para um fornecedor de nuvem europeu, os desenvolvimentos atuais já suscitaram um importante debate sobre o futuro da política digital europeia. A Europa enfrenta uma escolha entre a dependência contínua das gigantes tecnológicas americanas ou dar um passo ousado rumo à soberania digital. As decisões tomadas nos próximos meses moldarão o panorama digital europeu nas próximas décadas.

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