Publicado em: 12 de janeiro de 2025 / Atualização de: 12 de janeiro de 2025 - Autor: Konrad Wolfenstein
A atração sombria da rolagem do apocalipse: efeitos, causas e estratégias de enfrentamento
Entre a psique e o marketing: as consequências ocultas da rolagem do apocalipse
O fenómeno do “doomscrolling”, ou o consumo compulsivo e excessivo de notícias negativas num ciclo que se repete incessantemente, ganhou uma relevância perturbadora nos últimos anos, especialmente devido à disponibilidade omnipresente de informação através das redes sociais e dos portais de notícias online. Descreve o comportamento no qual as pessoas, muitas vezes contra o seu melhor julgamento, mergulham cada vez mais fundo no turbilhão de manchetes negativas, comentários preocupantes e desenvolvimentos alarmantes. A questão de saber se este fenómeno tem efeitos positivos ou negativos em áreas como o marketing e a publicidade é complexa e requer uma abordagem diferenciada. Para compreender o âmbito e as soluções potenciais, é crucial esclarecer os efeitos complexos do apocalipse na psique, no corpo e, em última análise, no comportamento do consumidor.
Os profundos efeitos da rolagem do apocalipse
A enxurrada incessante de notícias negativas deixa uma marca clara na saúde mental dos consumidores. A rolagem do apocalipse geralmente leva ao aumento dos níveis de estresse e ao aumento da ansiedade. O confronto constante com ameaças, crises e injustiças cria um sentimento de impotência e perda de controlo. Isso pode se manifestar na forma de inquietação interior, nervosismo e aumento da irritabilidade. Além disso, os especialistas observam que muitas pessoas que condenam a rolagem apresentam sintomas depressivos e uma sensação de desesperança. Lidar constantemente com o sofrimento e as perspectivas futuras negativas pode ter um impacto duradouro na capacidade de perceber os aspectos positivos da vida e levar a uma atitude pessimista.
Os distúrbios do sono e a exaustão associada que muitas vezes acompanham o consumo excessivo de notícias não devem ser subestimados. O cérebro tem dificuldade em se acalmar após intenso envolvimento com conteúdos estressantes. O resultado são problemas para adormecer, sono agitado ou despertar prematuro, o que por sua vez afeta negativamente o desempenho e o bem-estar geral na vida cotidiana. Em última análise, a rolagem do apocalipse leva a uma sensação reduzida de bem-estar e a um humor negativo. A alegria nas coisas do dia a dia diminui e pode ocorrer uma falta geral de motivação e retraimento social.
No entanto, os efeitos não se limitam apenas ao nível psicológico. O corpo também responde ao estresse prolongado causado pela rolagem do apocalipse. Isso leva a um aumento na liberação de hormônios do estresse, como o cortisol. Este estado, que originalmente representava uma importante função de sobrevivência em situações perigosas, é cronicamente ativado pelo consumo constante de notícias negativas. A longo prazo, isto pode levar ao enfraquecimento do sistema imunológico, problemas cardiovasculares e outros problemas de saúde. Além disso, o confronto constante com perigos potenciais ativa a chamada resposta de “lutar ou fugir” no cérebro. Embora a ameaça seja geralmente virtual, o corpo se prepara subconscientemente para um perigo real, que pode causar tensão, aumento da frequência cardíaca e respiração rápida.
Adequado para:
Doomscrolling e seus efeitos ambivalentes no marketing e na publicidade
O impacto do apocalipse no marketing e na publicidade é complexo e apresenta oportunidades e riscos. Por um lado, a tendência das pessoas de se envolverem intensamente com notícias negativas pode trazer benefícios para os anunciantes. Pode-se observar que notícias negativas tendem a gerar mais atenção do que notícias positivas. Isto pode ser devido a um mecanismo evolutivo que nos faz estar particularmente atentos a ameaças potenciais. Num mundo repleto de informação, esta tendência pode resultar numa maior visibilidade da publicidade colocada em torno de notícias controversas ou que chamam a atenção.
Outra vantagem potencial para os anunciantes é o maior tempo que os usuários passam nas respectivas plataformas. Aqueles viciados em rolar o apocalipse muitas vezes passam horas navegando incessantemente pelos feeds de notícias e pelas mídias sociais. Essa atenção ampliada oferece mais oportunidades de publicidade e, portanto, um alcance potencialmente maior.
Por outro lado, vincular a publicidade a conteúdo negativo também traz desvantagens significativas para os anunciantes. Colocar publicidade junto a notícias perturbadoras ou mesmo traumáticas pode levar a associações negativas com a marca. Os consumidores podem considerar a publicidade inadequada ou mesmo de mau gosto, o que pode prejudicar a imagem da marca. Em casos extremos, isto pode até levar à perda de confiança e à rejeição dos produtos ou serviços anunciados.
Além disso, a mecânica da rolagem do apocalipse levanta questões éticas. A exploração deliberada de medos e emoções negativas para fins de marketing pode ser considerada manipuladora e antiética. Surge a questão de saber se é moralmente justificável lucrar com a incerteza e o sofrimento das pessoas. Tal abordagem pode, a longo prazo, minar a confiança na indústria da publicidade e levar os consumidores a tornarem-se mais críticos em relação às mensagens de marketing.
Estratégias para conter o Doomscrolling: um caminho para um consumo de mídia mais saudável
Dadas as consequências negativas de longo alcance do apocalipse, é fundamental desenvolver estratégias para evitar este comportamento e promover um consumo de mídia mais saudável. Uma medida eficaz é limitar o tempo que você consome notícias. Ao definir horários fixos para a leitura de notícias e cumpri-los de forma consistente, você pode evitar que a rolagem se torne um hábito descontrolado e demorado. É aconselhável fazer pausas de forma consciente e buscar atividades alternativas.
Outro passo importante é a seleção consciente das fontes de notícias. É aconselhável focar em mídias confiáveis e respeitáveis e evitar a rolagem interminável nas redes sociais, que muitas vezes estão repletas de manchetes sensacionais e informações não verificadas. O questionamento crítico da fonte e das informações apresentadas é essencial.
Para neutralizar a espiral negativa, pode ser útil procurar especificamente notícias positivas ou construtivas. Existem inúmeras iniciativas e meios de comunicação que se concentram no jornalismo orientado para soluções e em desenvolvimentos positivos. O envolvimento consciente com esse conteúdo pode ajudar a restaurar o equilíbrio e ampliar a própria perspectiva.
Pausas regulares dos dispositivos digitais, a chamada desintoxicação digital, também são essenciais. Essas pausas conscientes permitem que o cérebro se recupere e processe a enxurrada de informações. Durante este período, podem ser realizadas atividades alternativas, como passeios pela natureza, esportes ou hobbies criativos.
Exercícios de atenção plena, como meditação ou técnicas de respiração, podem ajudar a reduzir o estresse e recuperar a paz interior. Ao focar no momento presente e ter consciência dos seus próprios sentimentos, você poderá lidar melhor com as emoções negativas desencadeadas pelo consumo de notícias.
Socializar com amigos ou familiares sobre temas estressantes também pode ser uma importante estratégia de enfrentamento. Compartilhar preocupações e medos pode ter um efeito aliviador e abrir novas perspectivas. É importante perceber que você não está sozinho com seus sentimentos.
As consequências a longo prazo e a necessidade de uma abordagem ética
Embora a rolagem do apocalipse possa aumentar a atenção e o envolvimento dos usuários no curto prazo, os efeitos a longo prazo na saúde mental e no bem-estar dos consumidores são inegavelmente negativos. Uma sociedade que é constantemente caracterizada pelo medo e pela negatividade não pode prosperar a longo prazo. Isto não afeta apenas o bem-estar individual, mas também a estrutura social e a capacidade de lidar construtivamente com os desafios.
Isto cria a necessidade de os profissionais de marketing e anunciantes adotarem uma abordagem ética e equilibrada que leve em consideração a saúde mental do público-alvo. Maximizar os lucros a curto prazo através da exploração de medos e emoções negativas não deve ser o objectivo principal. Em vez disso, as empresas devem assumir a responsabilidade e contribuir para um ambiente digital mais saudável.
Isto pode ser feito, por exemplo, colocando conscientemente a publicidade num contexto positivo, promovendo conteúdos que transmitam esperança e confiança, ou apoiando iniciativas para promover a literacia mediática. Ao promover o consumo consciente e equilibrado de meios de comunicação social, tanto os utilizadores como as empresas podem beneficiar de um ambiente digital mais saudável. A longo prazo, isto conduzirá a uma maior fidelização dos clientes, a uma imagem de marca positiva e a uma relação mais sustentável entre empresas e consumidores. A responsabilidade por um ambiente de informação saudável cabe, portanto, não apenas ao indivíduo, mas também aos envolvidos na indústria da mídia e da publicidade. Uma mudança de pensamento no sentido de um uso eticamente responsável da atenção e das emoções é essencial para conter os efeitos negativos do apocalipse e criar um futuro positivo.
Adequado para: