
Cúpula da OTAN em Haia, nos dias 24 e 25 de junho de 2025: Tensões sobre gastos com defesa e temores em relação a Trump – Imagem: Xpert.Digital
Crise da OTAN em 2025: Gastos com defesa e o presidente dos EUA dividem a aliança
Disputa sobre gastos com defesa ofusca reunião da OTAN em Haia
A próxima cúpula da OTAN em Haia, nos dias 24 e 25 de junho de 2025, está repleta de tensões políticas consideráveis. Duas áreas principais de conflito ameaçam a unidade da aliança: a controversa exigência de um aumento drástico nos gastos com defesa para cinco por cento do produto interno bruto e a incerteza em torno da participação do presidente dos EUA, Donald Trump.
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A exigência de Trump de 5% está dividindo a aliança.
O presidente dos EUA, Donald Trump, reiterou sua exigência, feita inicialmente em janeiro, de que todos os Estados-membros da OTAN invistam 5% de seu Produto Interno Bruto (PIB) em defesa. Isso representaria mais que o dobro da meta atual de 2%, que só recentemente foi totalmente atingida por todos os países da OTAN pela primeira vez.
Proposta de compromisso diplomático de Rutte
O secretário-geral da OTAN, Mark Rutte, ex-primeiro-ministro holandês, elaborou um plano estratégico para atender às exigências de Trump, mantendo o apoio dos aliados europeus. Sua proposta estipula que os 32 estados-membros devem destinar um total de 5% do seu PIB a despesas relacionadas à segurança até 2032, no máximo: 3,5% para gastos tradicionais com defesa, como tropas e armamentos, e 1,5% para infraestrutura relacionada à defesa, como portos, estradas e pontes com capacidade militar.
Os Países Baixos foram o primeiro país a concordar com este plano e decidiram aumentar gradualmente as suas despesas de defesa para cinco por cento, sendo que o cálculo neerlandês incluía também a ajuda à Ucrânia.
A Espanha está liderando a resistência.
O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, tornou-se o primeiro chefe de governo a declarar abertamente sua oposição à meta de 5% do PIB. Em carta ao secretário-geral da OTAN, Rutte, ele descreveu o aumento dos gastos com defesa para 5% do PIB como "não apenas irrazoável, mas até mesmo contraproducente". A Espanha anunciou que "não poderá se comprometer com uma meta de gastos específica" na cúpula da OTAN.
A ministra da Defesa da Espanha, Margarita Robles, chegou a descrever os planos da OTAN como um "grande erro", argumentando que as capacidades devem ser determinadas antes de se definir uma porcentagem. Com gastos militares em torno de 1,3% do PIB, a Espanha está entre os países da aliança que mais ficam para trás, mas pretende atingir a meta de 2% até 2025.
Resistência secreta de outros aliados
Além da oposição oficial da Espanha, há também resistência velada por parte de outros importantes parceiros da OTAN. Na cúpula dos ministros das Finanças do G7, os ministros da França, Itália, Reino Unido e Canadá deixaram claro, extraoficialmente, que não poderiam arcar com um aumento de 5% em seus orçamentos.
Cúpula reduzida para duas horas e meia – temores de um desastre com Trump
Temendo outra partida antecipada de Trump, a cúpula da OTAN, originalmente planejada para dois dias, foi reduzida a uma única sessão de duas horas e meia, segundo o Financial Times. Essa drástica redução ocorreu após Trump ter deixado prematuramente a cúpula do G7 no Canadá.
Claudia Major, vice-presidente sênior do German Marshall Fund, comentou sobre esse desenvolvimento: “A sessão foi reduzida de dois dias para duas horas… então isso deve ser viável, e minha esperança é que funcione”. Ao mesmo tempo, ela admitiu: “Mas eu desisti de tentar prever o comportamento de Trump”.
Divisão no Governo Federal Alemão
Mesmo dentro do governo federal alemão, há divergências sobre os gastos com defesa. O chanceler Friedrich Merz (CDU) e o ministro das Relações Exteriores, Johann Wadephul (CDU), apoiam publicamente a meta de cinco por cento. Wadephul argumenta que as exigências de Trump são "inteiramente do nosso interesse" e que a Europa deve abandonar a ilusão "de que segurança não custa nada ou pode ser obtida a baixo custo".
O ministro das Finanças, Lars Klingbeil (SPD), por outro lado, está disposto a aumentar os gastos apenas para 3,5%. Ele explicou: "Se acabar sendo 3%, então faremos 3%; se for 3,5%, então faremos 3,5%", mas se opôs a um "debate puramente baseado em números".
Círculos pacifistas do SPD alertam contra a corrida armamentista
As tensões dentro do SPD estão sendo exacerbadas por um "manifesto" assinado por mais de 100 pessoas próximas ao partido, publicado pouco antes da conferência partidária no final de junho. Signatários proeminentes, como o ex-líder do grupo parlamentar Rolf Mützenich, o especialista em política externa Ralf Stegner e o ex-presidente do partido Norbert Walter-Borjans, pedem uma mudança na política de armamento e negociações diplomáticas diretas com a Rússia.
O documento descreve o aumento planejado nos gastos com defesa como "irracional", pois não há "nenhuma justificativa de política de segurança" para ele. Stegner chamou o aumento de cinco por cento, ou 225 bilhões de euros anuais, de "pura loucura" e "uma soma insana".
O ministro da Defesa, Boris Pistorius, reagiu duramente ao manifesto, chamando-o de "negação da realidade".
Perspectivas para a cúpula crucial
A cúpula da OTAN em Haia será a primeira sob a liderança de Mark Rutte como novo Secretário-Geral. Os principais temas incluem o aumento dos gastos com defesa, o fortalecimento das capacidades de dissuasão e defesa da OTAN e o reforço do apoio à Ucrânia.
A drástica redução da cúpula para duas horas e meia demonstra o quão ansiosos estão os parceiros da OTAN para incluir Trump, mesmo que isso possa ocorrer em detrimento de uma discussão abrangente sobre os complexos desafios da política de segurança. A cúpula torna-se, portanto, um teste crucial para o futuro da aliança transatlântica em um momento de crescentes tensões geopolíticas.
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De 34% para 1%: a diferença nos orçamentos militares globais.
A participação dos gastos militares no Produto Interno Bruto (PIB) é um indicador fundamental das prioridades da política de segurança de um país. Uma comparação dos dados de 2024 e 2025 revela um cenário de extremos, que varia de picos relacionados a guerras a níveis comparativamente moderados.
Ucrânia e Rússia: os extremos na corrida armamentista
No topo dessa comparação está a Ucrânia: em 2024, o país gastou cerca de 34% do seu PIB com as forças armadas. Esse valor, o mais alto do mundo, é uma consequência direta da enorme pressão causada pela guerra de agressão da Rússia. Segundo o Banco Mundial, esse percentual já havia atingido 36,65% em 2023. Embora o governo ucraniano planeje uma redução para 2025, ele ainda destina expressivos 26,3% do PIB para defesa e segurança.
A Rússia também está reestruturando massivamente sua economia para a guerra: os gastos militares subiram para cerca de 7,05% do PIB em 2024. Isso representa o nível mais alto desde o colapso da União Soviética e ilustra a mobilização abrangente do país para fins militares.
O meio-campo: tensões regionais como força motriz
Um grupo de países com gastos militares significativos, porém consideravelmente menores, segue na posição intermediária. Isso inclui o Paquistão, cuja participação é estimada em cerca de 3,5% com base em dados históricos. A Coreia do Sul também está investindo pesadamente em função da tensa situação de segurança regional, gastando aproximadamente 2,6% do seu PIB em defesa em 2023.
Gigantes econômicos abaixo da marca de 2%
Diversas nações economicamente fortes, no entanto, permanecem significativamente abaixo da marca de 2%, frequentemente considerada uma meta da OTAN. O orçamento de defesa da Índia para 2024/25 é de 1,9% do PIB. O Japão (1,6% em 2024) planeja aumentá-lo para 2% até 2027 em resposta às mudanças geopolíticas. A China tem mantido sua participação estável em torno de 1,5% há anos. Apesar do aumento absoluto nos gastos, essa porcentagem é compensada pelo forte crescimento econômico do país. O Brasil fica em último lugar nessa comparação, com uma participação de aproximadamente 1,1% (em 2023).
Os números revelam um quadro claro: enquanto a guerra na Europa domina os orçamentos da Ucrânia e da Rússia, obrigando-as a manter níveis extremamente elevados de gastos militares, outros Estados agem com muito mais cautela. Em particular, países populosos e economicamente poderosos como a China, a Índia e o Brasil priorizam seus gastos militares muito menos em relação à sua força econômica. A comparação, portanto, destaca não apenas orçamentos diferentes, mas, sobretudo, orientações estratégicas e políticas fundamentalmente distintas no cenário mundial.
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