Publicado em: 17 de janeiro de 2025 / Atualização de: 17 de janeiro de 2025 - Autor: Konrad Wolfenstein
Fronteiras globais, consequências locais: o desafio crescente para a economia alemã
Barreiras comerciais e a economia alemã: como as redes globais se tornam um dilema
As barreiras comerciais transfronteiriças desempenham um papel cada vez mais crítico para a economia alemã, especialmente dada a sua forte orientação para a exportação e a conectividade global. Os efeitos são complexos e afectam vários aspectos do desempenho económico alemão:
Aumento das barreiras comerciais
A economia alemã enfrenta barreiras comerciais crescentes:
- 61% das empresas alemãs ativas no estrangeiro relataram um aumento nas barreiras comerciais nos seus negócios internacionais em 2022 – um recorde.
- A certificação local e o aumento dos requisitos de segurança, em particular, levam a burocracia e atritos adicionais no comércio transfronteiriço.
Impacto nas exportações e no PIB
As consequências destas barreiras para a economia alemã são significativas:
- Segundo estimativas, as exportações alemãs poderiam ter sido cerca de 43 mil milhões de dólares (1,2% do PIB) superiores em 2015, se não fossem as barreiras comerciais não tarifárias introduzidas entre 2010 e 2015.
- Uma guerra comercial transatlântica poderá significar uma perda de até 180 mil milhões de euros para a economia alemã durante o mandato de quatro anos de Trump.
Impactos setoriais
Certas indústrias são particularmente vulneráveis às barreiras comerciais:
- No caso de uma guerra comercial entre a UE e a China, as maiores perdas relativas e absolutas de valor acrescentado ocorreriam na indústria automóvel (-8,47%, -8,306 milhões de dólares), equipamento de transporte (-5,14%, -1,529 milhões de dólares) e mecânica. engenharia (-4,34%, -5.201 milhões de dólares).
- As indústrias farmacêutica e química também sofreriam perdas significativas se se dissociassem da China.
Ajustes estratégicos
As crescentes barreiras comerciais estão a forçar as empresas alemãs a fazer ajustes estratégicos:
- Existem incentivos para servir cada vez mais os mercados de exportação através da produção local, o que poderá enfraquecer a base de produção na Alemanha a médio prazo.
- As discussões sobre reshoring, nearshoring e friendshoring estão a tornar-se cada vez mais importantes, com a desglobalização abrangente a ter o impacto mais negativo na economia alemã.
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Importância dos acordos de livre comércio
Tendo em conta estes desafios, os acordos de comércio livre estão a tornar-se cada vez mais importantes:
- O acordo UE-Mercosul recentemente concluído poderá trazer impulsos positivos para a economia alemã interligada internacionalmente.
- Tais acordos visam eliminar obstáculos comerciais e, assim, facilitar a troca de mercadorias entre estados.
As barreiras comerciais transfronteiriças representam uma séria ameaça ao modelo económico alemão orientado para a exportação. Não só põem em perigo o crescimento económico, mas também o emprego e a competitividade internacional das empresas alemãs. A capacidade de responder a estes desafios e de abrir novas rotas comerciais será crucial para o futuro desenvolvimento económico da Alemanha.
O acordo UE-Mercosul
O Acordo UE-Mercosul, cujas negociações foram concluídas em 6 de dezembro de 2024, representa um marco significativo nas relações comerciais entre a União Europeia e os estados do Mercosul (Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai). Este acordo histórico de comércio livre cria um mercado comum. com mais de 700 milhões de habitantes e oferece oportunidades económicas significativas para ambas as partes.
Pontos-chave do acordo
- Redução tarifária: Cerca de 91% das tarifas entre a UE e o Mercosul serão eliminadas, resultando numa poupança anual de cerca de 4 mil milhões de euros para as empresas europeias.
- Abertura do mercado: Acesso mais fácil a concursos públicos e melhores condições de serviços em áreas como TI, telecomunicações e transportes.
- Proteção das indicações geográficas: 357 alimentos europeus estão protegidos no Mercosul.
- Aspectos de sustentabilidade: Regulamentações vinculativas sobre trabalho, meio ambiente e clima, incluindo a obrigação de implementar o Acordo Climático de Paris.
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Importância para a economia alemã
O acordo oferece vantagens significativas à economia alemã:
- Oportunidades de exportação: Cerca de 12.500 empresas alemãs, 72% das quais são PME, exportam para o Mercosul.
- Empregos: As exportações alemãs do Mercosul garantem 244 mil empregos na Alemanha.
- Competitividade: Redução de barreiras comerciais, especialmente em setores como engenharia mecânica, fabricação de automóveis e produtos químicos.
- Diversificação: Oportunidade para reduzir a dependência de outras potências comerciais globais, especialmente a China.
Desafios e críticas
Apesar das vantagens económicas, também existem vozes críticas:
- Agricultura: Preocupações com o aumento da pressão competitiva sobre os agricultores europeus.
- Proteção ambiental: Preocupações sobre possíveis impactos negativos no desmatamento e na proteção do clima.
A ratificação do acordo ainda está pendente e não está prevista antes do segundo semestre de 2025. O governo federal alemão e as associações empresariais estão a exercer pressão para uma implementação rápida, a fim de aproveitar as oportunidades económicas e enviar um sinal contra o protecionismo.
Globalmente, o acordo UE-Mercosul é visto como um passo importante para o reforço das relações económicas entre a Europa e a América do Sul, oferecendo oportunidades de crescimento e inovação, bem como desafios em termos de sustentabilidade e concorrência.
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